Na sua intervenção no segundo e último dia de trabalhos da XII Convenção Nacional do BE, o deputado considerou que a mentira “passou a ocupar um lugar crucial na luta política”, tendo-se tornado uma das “armas mais poderosas da extrema-direita”, que é usada para “excitar os seus fiéis” para “despertar ódios” e para “conseguir aquilo que já não escondem, exterminar a esquerda”.

“Criarão todos os casos que puderem, lançarão a lama que puderem, atearão os ódios que puderem, tudo para exterminar esquerda, tudo para decapitar a democracia”, prosseguiu, considerando que esta tática é usada pela extrema-direita para “que não se veja o [seu] programa social e económico e para que não se note quem e o quê quer na verdade favorecer”.

Face a isto, o deputado e também vice-presidente da Assembleia da República sublinhou que a resposta “à farronca e ao ódio” é “a certeza de que extrema-direita será derrotada nas urnas e na mobilização popular”, a “certeza de que se a extrema-direita quer exterminar o BE, é precisamente porque o BE é a força que mais lhe faz frente e que a vai derrotar”.

“Saibam que não tememos os vossos ataques, saibam que não nos intimidam e que estamos prontos para vos enfrentar, opondo a decência de quem trabalha e de quem luta à mentira e ao ódio”, frisou ainda, apontando que “é esta força, esta determinação em lutar sem tréguas contra a extrema-direita que impõem ao Bloco e a toda a esquerda rejeição das políticas pela metade, na garantia da segurança do emprego, do salário, da pensão, do hospital, da escola, é aí que a luta contra a extrema-direita se ganha ou se perde”.

Na sua ótica, “o PS pode até pensar que o idílio entre o PSD e o Chega lhe dará o centro lhe mão beijada e que isso se confirma com políticas centristas”, mas é “puro engano e engano perigoso”.

“Só uma agenda política forte de igualdade e de justiça, e não um exercício pequenino de cálculo eleitoral responderão à estratégia de extermínio trazida pela extrema-direita e irresponsavelmente namorada por Rui Rio”, defendeu, garantindo que os bloquistas estão onde têm “de estar, no combate democrático, valente, contra a podridão e a violência, com toda a coragem centrados apenas no que conta”.

E criticou que o deputado e líder do Chega, André Ventura, se tenha referido a uma “invasão islâmica mas não diz uma palavra sobre a escravatura nas estufas de Odemira”.

Pelas 10:20, a bandeira da Palestina foi estendida no palco da Convenção, à frente da Mesa que dirige os trabalhos.

A copresidente deste órgão, Joana Mortágua, disse aos microfones “Palestina vencerá” e o momento originou uma ovação de pé na sala, que repetiu aquelas palavras.

Durante a manhã de trabalhos, que arrancou pouco depois das 09:00, Rita Sarrico, que integra a Mesa Nacional do BE, subiu ao palco para criticar a estratégia do Governo face à cultura, acusando o executivo de ter deixado “as pessoas para trás, à sua sorte”, e de ter apoiado a “manutenção da precariedade”, o que considerou “inaceitável”.

E deixou uma mensagem à ministra da Cultura, Graça Fonseca, indicando que, “ao contrário do que pensa, os trabalhadores da cultura não trabalham quando querem, trabalham quando podem, trabalham quando os deixam trabalhar, e o Ministério da Cultura não tem feito nada para os deixar trabalhar”.