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Peter Kenyon conhece de cor o sucesso. Conheceu-o no futebol (Manchester United e Chelsea FC), palco onde se transformou numa das mais proeminentes figuras da Premier League, em marcas desportivas (Umbro) e, agora, quer repetir a receita no desporto com maior crescimento a nível global, a Fórmula 1.
Desde 2022 é consultor do Conselho Executivo da Atlassian Williams Racing, responsável pelo departamento comercial e marketing da escuderia inglesa. Foi nessa qualidade que subiu ao palco da Web Summit 2025, para falar sobre “Reinventando o legado: Dentro do negócio do desporto de elite”.
Mas o que disse sentado numa cadeira perante a plateia ficou para segundo plano. Atrás do palco, perante jornalistas, a conversa foi conduzida até ao futebol e a dois treinadores portugueses. José Mourinho e Ruben Amorim.
Uma ultrapassagem feita encostados na escuridão das cortinas do palco 7, pavilhão 2 da FIL, ao pedido da assessoria de imprensa do britânico de 71 anos, mais interessada em “puxar” a equipa da Williams, nove vezes campeã mundial de construtores (a última vez em 1997, ano que coincidiu com o título do último piloto da marca, Jacques Villeneuve), para cima da mesa.
Ainda assim, fez-se, a vontade. Peter Kenyon falou de Fórmula 1 (pouco) e (muito) de Mourinho, treinador com quem partilhou a glória no Chelsea. Juntos, Peter e o Special One, venceram dois títulos de campeão nacional e uma Taça de Inglaterra (Kenyon venceu mais uma Taça e uma Liga dos Campeões, enquanto Mourinho voltou a ser campeão em 2015, já sem o diretor executivo a seu lado).
E falou e falou-se de Amorim, treinador que está agora ao leme do Man. United. Nos Red Devils, ao lado de Sir Alex Ferguson, o atual responsável da Williams venceu quatro títulos da Premier League, uma Taça de Inglaterra e a Liga dos Campeões.
“Teve um grande impacto no futebol inglês”
Na junção dos dois desportos e dos temas, futebol e F1, questionado pelo 24noticias, se colocasse os dois treinadores portugueses num monolugar e tivesse de escolher um, a resposta abafou o ponto de interrogação.
“Mourinho!”, exclamou. “Mourinho é de uma classe diferente e isso, não quer dizer que o Ruben não a tenha”, contrapôs. “Quando ele (José Mourinho) chegou a Inglaterra, foi o primeiro da próxima geração”, recordou.
“Não foi fácil, nunca foi um contexto favorável, mas acabou por ter uma boa envolvência e por ter sido feito pelos motivos certos”, assegurou.
“Mudou o rumo e lançou as bases para os 15 anos de sucesso do Chelsea e não apenas para os dois anos e meio que esteve por lá (em Londres)”, enalteceu. “Mudou a cultura”, destacou, em duas palavras.
Sem paragens, os elogios ao “Special One” continuaram.
“Ele sabia o que era ganhar e incutiu isso em alguns bons jogadores que nunca tinham ganho antes e mudou a dinâmica”, relembrou.
Da passagem de Mou pelas ilhas britânicas foi marcante para o ex-diretor executivo do Chelsea e responsável pela ida do atual treinador do clube da Luz para Londres. “Teve um grande impacto no futebol inglês”, reconheceu.
“Acredito que pode vir a ter muito sucesso no Benfica”
Na passagem de Inglaterra para Portugal, espera “sinceramente, que as pessoas percebam o quão bom e talentoso é, e consiga reerguer o Benfica”, sublinhou aos jornalistas, Peter Kenyon, consultor da Williams, histórica equipa de Fórmula 1.
“É ótimo para o Benfica”, considerou. Oferece “experiência”, considerou. “E espero que o clube seja bom para ele”, apelou.
Admitindo ser “grande fã” e “amigo”, José Mourinho, rotula-o de “game changer” (expressão idiomática que pode ser traduzida para revolucionário) e um dos “melhores treinadores do mundo”, acrescentou.
“Genuinamente, acredito que pode vir a ter muito sucesso no Benfica e no futebol português", salientou o antigo executivo dos Blues. “Sabe como ganhar. Cria confiança e desenvolve os jogadores, coloca a cultura certa no clube para que tenha sucesso, não só enquanto está lá, mas quando se vai embora”, encerrou o tema José Mourinho.
Tornar o Man United Great Again
Espaço para falar do Manchester United e Ruben Amorim. Considerou, a seco, que o antigo técnico do Sporting tem pela frente “um trabalho difícil”, disse Peter Kenyon, antigo “patrão” do Man United.
"Acho que as pessoas não compreendem o quão difícil e o quão grande é o Manchester United. É uma envolvência muito diferente e penso que chegou no momento de reconstruir a cultura. Não se trata apenas de contratar um futebolista, mas sim descobrir como tornar essa equipa grande outra vez", mencionou.
“Há sinais de que algo está a mudar para melhor para ele”, suspirou. “Uma das questões-chave, estão a dar-lhe tempo, mas o futebol é brutal, nem sempre temos tempo”, alertou.
Ainda na questão temporal, assinalou que “nada se pode fazer sem tempo”, mas que este não pode ser dado “infinitamente às pessoas”, chamou a atenção.
No entanto, reconhece que já se vê os “resultados a começar a avançar na direção certa”, algo “encorajador” na Premier League, uma Liga “que não é fácil”.
Estar “sempre desapontado” faz parte da natureza de Peter Kenyon, desejoso de “ver o Man United no lugar a que pertence”, apontou. “A exigência dos adeptos do United é enorme, ainda somos um dos maiores clubes do mundo e as expectativas são enormes”, avançou.
“Tenho gostado da honestidade dele”
Longe do olhar de adepto, sabe que “estas coisas levam tempo. Não é um jogador, ou dois, ou um treinador que fazem a diferença, é todo a envolvência. Sei que todos estão a trabalhar na mesma direção, mas o futebol é julgado pelos resultados ao sábado e à quarta-feira”, sintetizou.
Deixa, também a Ruben, um elogio da personalidade do Ex Sporting. “Tenho gostado da honestidade dele. Tem sido muito honesto. Não foge à responsabilidade e espero que, entretanto, as coisas comecem a resultar”, desejou.
“Levar a F1 a fãs que provavelmente nunca irão assistir a uma corrida”
Por fim, que por acaso foi a primeira pergunta (só para despistar a assessora), duas perguntas sobre Fórmula 1, o tal desporto que “mais cresce a nível global” em termos de audiências, em especial nos Estados Unidos da América, mas que não chega perto do futebol. (O futebol) é difícil para apanhar”, admitiu.
Compara os dois desportos. “No futebol, as pessoas vão atrás. Se olhar para o futebol, a Premier League é dos desportos mais vistos globalmente. A Fórmula 1 vem logo a seguir”, informou Peter Kenyon, da Williams.
Embora, tal como afirmou na sua intervenção, “os 24 Grande Prémios são 24 SuperBowls”, os números de adeptos das pistas atinge 1% dessa audiência global.
Tal, obriga ao desenvolvimento de estratégia para alimentar essa legião de fãs que toca a fasquia dos 900 milhões a nível planetário.
“Temos uma abordagem única, a que chamamos de abordagem de fãs primeiro. E essa abordagem passar por levar a F1 a fãs que provavelmente nunca irão assistir a uma corrida”, frisou.
“Se olhar para a Silverstone, um dos maiores Grand Prix, teremos 450 mil pessoas a assistir”, quantificou. À parte, “temos uma fan zone em Piccadilly”, onde levam “pilotos e a nossa equipa”, notificou. “Recebemos 30 mil pessoas. E é grátis”, adiantou.
“Tentamos fazer crescer o desporto, para que possamos ser maiores”, explicou. “É um processo de duas vias, fazemos o mesmo pelo mundo, são grandes eventos, porque essas pessoas, verdadeiros fãs, mas não têm a oportunidade de ir ao resto”, resumiu.
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