Terça-feira, o dia em que se assinalaram os 70 anos da fundação da República Popular da China, foi um dos dias mais violento das manifestações que duram há quase quatro meses, durante as quais a polícia tem sido acusada de usar excessiva força contra os manifestantes.
O polícia disparou quando o adolescente, Tsang Chi-kin, o atingiu com objeto de metal. O Governo indicou que, após cirurgia, Tsang encontra-se num estado considerado estável.
Em comunicado, as forças de segurança disse que o jovem será acusado esta tarde de duas acusações de agressão a agentes da autoridade.
Hoje, também, um grupo de cidadãos de Hong Kong promoveu uma conferência de imprensa na qual deram conta de enviar uma carta subscrita por 4.500 pessoas, à chefe do Governo na qual se exige uma investigação “ao abuso de direitos humanos básicos das crianças” durante os protestos pró-democracia.
Caso Carrie Lam não responda à missiva, datada de sábado e subscrita por mais de 4.500 cidadãos em apenas cinco dias, os autores da carta ameaçam recorrer ao Comité dos Direitos da Crianças da ONU, pode ler-se no documento ao qual a Lusa teve hoje acesso.
“Condenamos veementemente o abuso de poder por parte do governo e da polícia. Estamos profundamente preocupados com a situação e a segurança das crianças detidas”, acrescentaram.
Dos quase 1.800 detidos desde junho, mais de meio milhar são estudantes, precisaram, lembrando que a Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança define a criança como qualquer ser humano com menos de 18 anos.
Meio milhar de estudantes manifestou-se na quarta-feira para condenar a violência da polícia e o uso de munição real contra os manifestantes.
Na origem da contestação, que se vive no território desde o início de junho, está uma polémica proposta de emendas à lei da extradição, já retirada formalmente pelo Governo de Hong Kong.
Contudo, os manifestantes continuam a exigir que o Governo responda a quatro outras reivindicações: a libertação dos manifestantes detidos, que as ações dos protestos não sejam identificadas como motins, um inquérito independente à violência policial e, finalmente, a demissão da chefe de Governo e consequente eleição por sufrágio universal para este cargo e para o Conselho Legislativo, o parlamento de Hong Kong.
A transferência da soberania da antiga colónia do Reino Unido para a China, em 1997, decorreu sob o princípio "um país, dois sistemas".
Tal como acontece com Macau, para Hong Kong foi acordado um período de 50 anos com elevado grau de autonomia, a nível executivo, legislativo e judicial, com o Governo central chinês a ser responsável pelas relações externas e defesa.
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