Zafke, um antigo membro das SS, é acusado de ser cúmplice no assassinato de pelo menos 3.681 pessoas, que morreram nas câmaras de gás ao chegar a Auschwitz.

"Podem constatar que há uma cadeira vazia no banco da defesa", afirmou o juiz, Klaus Kabisch, que explicou que a ausência do acusado se devia a um exame médico que concluiu, no domingo, que Hubert Zafke "tinha pensamentos suicidas e estava a sofrer com situações ao stresse e de hipertensão", não havendo condições para ser presente a tribunal e interrogado, tendo a audiência sido remarcada para 14 de março.

A capacidade de Hubert Zafke aguentar o julgamento tem sido um dos pontos-chave deste processo, com a suspensão do julgamento pelo tribunal de primeira instância, alegando que o acusado sofre de demência. A acusação pediu uma nova avaliação do seu estado de saúde que concluiu que o acusado tem "fracas capacidades físicas e cognitivas", mas não é "totalmente incapaz".

Zafke enfrenta uma pena de prisão entre 3 e 15 anos, uma condenação principalmente simbólica tendo em conta a idade avançada do ex-enfermeiro. Hubert Zafke chegou a Auschwitz em outubro de 1943 depois de ter combatido na frente do Leste, em 1941. Em 1942 recebeu formação para se juntar à unidade de saúde das SS.

A acusação sobre Hubert Zafke é focada no período de tempo entre agosto e setembro de 1944, quando 14 comboios de judeus provenientes da Polónia, Eslovénia, Grécia, Alemanha e Holanda chegaram a Auschwitz. Num desses comboios estavam Anne Frank e a sua família, que sobreviveram à primeira seleção de Auschwitz, entre os deportados aptos para trabalhar e os que iam diretamente para a câmara de gás.

O caso Hubert Zafke junta-se a outros julgamentos ainda em andamento contra antigos membros das SS. Em julho de 2015, Oskar Groning, ex-contabilista de Auschwitz, foi condenado a quatro anos de prisão e desde 11 de fevereiro, Reinhold Hanning, um ex-guarda do mesmo campo, de 94 anos, está a ser julgado em Detmold. "Este julgamento demonstra que a justiça às vezes precisa de muito tempo para encontrar o seu caminho", disse à AFP Christoph Heubner, vice-presidente executivo do Comité Internacional de Auschwitz.

O acusado vive perto de Neubrandenburg, desde 1951.