Autor de uma obra multifacetada, Julião Sarmento representou Portugal na Bienal de Arte de Veneza em 1997 e foi alvo de uma exposição pela Tate Modern, em Londres, em 2011.

Em 2012, o Museu de Serralves, no Porto, organizou a mais completa retrospetiva até hoje realizada do seu trabalho, uma obra que mereceu também o reconhecimento com a atribuição do Prémio da Associação Internacional de Críticos de Arte (AICA).

A Galeria Cristina Guerra divulgou também um comunicado, no qual confirmou a morte do artista, "com enorme tristeza", apontando-o como uma "figura central da arte portuguesa desde os anos 1970".

Julião Sarmento "foi o primeiro artista da sua geração a alcançar um amplo reconhecimento internacional, expondo em inúmeros museus e eventos de prestígio", e "afirmou-se como um dos grandes interpretes e pensadores no contexto da arte, e a sua vida e obra refletem uma dedicação total ao meio artístico e à arte contemporânea", sublinha a galeria.

No seu trabalho, combinava vários suportes, desde a pintura, a fotografia, o desenho, o vídeo, o som e a performance.

A galeria acrescenta ainda que o desaparecimento do artista, nascido em Lisboa a 04 de novembro de 1948, "deixa uma enorme dor e vazio" no meio cultural.

Várias vezes distinguido, Julião Sarmento recebeu a Oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada em 1994, a Medalha de Prata de Mérito Municipal, de Sintra, em 1997, o Prémio Universidade de Coimbra, em 2009, bem como o prémio de Artes Plásticas da Associação Internacional de Críticos de Arte – Secção Portuguesa, em 2012, e o Prémio de Artes Casino da Póvoa, em 2013, segundo a lista de prémios que consta do ‘site’ do artista.

Presidente da República enaltece "modernidade provocante" e "presença ímpar"

O Presidente da República lamentou hoje a morte de Julião Sarmento, considerando-o "um dos mais talentosos" artistas portugueses das últimas décadas e enaltecendo a "modernidade provocante" das suas obras e a sua "presença ímpar" neste tempo.

Numa mensagem publicada no sítio oficial da Presidência da República na Internet, Marcelo Rebelo de Sousa apresenta "sentidas condolências" à família de Julião Sarmento, que descreve como "um dos mais talentosos, produtivos e generosos artistas portugueses das últimas décadas".

"Dele lembraremos a modernidade provocante das sucessivas séries, muitas delas à volta da figura feminina, da palavra literária ou do cinema; o seu alinhamento com o novo e o vibrante; a sua presença ímpar no nosso tempo e no nosso imaginário, que nos ajudou a ser deste tempo e a imaginá-lo", afirma o chefe de Estado.

Nesta nota de pesar, refere-se que, "vindo da Escola de Belas-Artes, Julião Sarmento trabalhou na Secretaria de Estado da Cultura logo após a Revolução, contribuindo para a reconfiguração das práticas artísticas em Portugal, e foi um dos nomes escolhidos por Ernesto de Sousa para uma exposição que fez época, a Alternativa Zero, em 1977".

"Por essa altura, já usava os mais diversos registos, sobretudo a pintura, o desenho e o vídeo, e já estava atentíssimo ao contemporâneo, a correntes, conceitos, cruzamentos, modos de produção e difusão. Nas décadas seguintes, tornar-se-ia o mais internacional dos artistas portugueses", lê-se na mensagem.

No texto, destaca-se que Julião Sarmento expôs "em galerias e museus europeus, americanos, japoneses" e participou "participando nas Bienais de Veneza e de São Paulo e na Documenta de Kassel".

"Também se notabilizou como colecionador e curador, deixando um importante acervo que emprestou à cidade de Lisboa e será exposto em breve, e dando provas de abertura e entusiasmo, nomeadamente com as gerações mais jovens", acrescenta-se.

Costa destaca importante contributo para internacionalização da arte portuguesa

O primeiro-ministro lamentou hoje "profundamente" a morte de Julião Sarmento, considerando que deu um importante contributo para a internacionalização da arte portuguesa e que fez parte de uma geração que renovou a prática artística na década de 80.

"Lamento profundamente a morte de Julião Sarmento. Fazendo parte de uma geração cosmopolita que renovou a prática artística nos anos 1980, Sarmento deu um importante contributo para a internacionalização da arte portuguesa. As mais sentidas condolências à sua família e amigos", escreveu António Costa na sua conta pessoal na rede social Twitter.

Ministra da Cultura destaca obra diversa

A ministra da Cultura, Graça Fonseca, lamentou hoje a morte do artista plástico Julião Sarmento, lembrando a sua obra diversa e transversal, de que destaca o trabalho sobre o corpo e o desejo.

Julião Sarmento foi um "dos mais internacionais artistas portugueses, com uma obra diversa, transversal e que se destaca pelo seu trabalho sobre o corpo e o desejo, num erotismo simbólico e subtil que é o grande motor da sua criatividade", assinalou a ministra numa publicação na conta de Twitter do Ministério da Cultura.

[Artigo atualizado às 12:31]