“O governo vai lançar contraofensivas”, afirmou Min Aung Hlaing num discurso proferido na quinta-feira, na capital Naypyidaw, com a presença de membros do governo militar, de acordo com o Global New Light of Myanmar.
O general assegurou que vai responder ao ataque desta semana a campos do exército no norte do país, no Estado de Shan, região remota, mas estratégica que faz fronteira com a província de Yunnan, no sudoeste da China.
Uma aliança de três grupos étnicos, opositores de longa data do exército, reivindicou na quinta-feira o controlo de dezenas de posições militares, quatro cidades e estradas que conduzem à China, o principal parceiro comercial birmanês.
Os movimentos envolvidos – Exército de Libertação Nacional Taaung (TNLA), Exército Arakan (AA) e Aliança Democrática Nacional de Myanmar (MNDAA) – representam um total de 15 mil combatentes.
Desde que a junta militar tomou o poder em 2021, vários grupos étnicos juntaram-se às Forças de Defesa do Povo que combatem os militares no poder.
Min Aung Hlaing acusou igualmente o Exército de Independência de Kachin (KIA), outro grupo étnico que atua no vizinho Estado de Kachin, de atacar “infraestruturas de transporte” e campos militares.
O chefe da junta alertou para a possibilidade de represálias contra estes grupos.
Os combates estão a preocupar a China, que, na quinta-feira, apelou a um cessar-fogo imediato depois de a junta ter confirmado a perda da cidade fronteiriça de Chinshwehaw.
Para o estado de Shan prevê-se a construção de um grande projeto ferroviário financiado por Pequim, no âmbito da Iniciativa Faixa e Rota.
Mais de uma dúzia de grupos étnicos armados estão ativos nas regiões fronteiriças de Myanmar, lutando pela autonomia política e pelo controlo dos recursos naturais.
Alguns destas fações treinaram e armaram grupos de opositores políticos que se espalharam pelo país após o golpe de Estado de 2021 e a subsequente repressão militar.
O difícil acesso aos meios de comunicação numa região dominada pela selva dificulta a verificação do número de vítimas.
As Nações Unidas afirmaram na segunda-feira que os confrontos já fizeram mais de seis mil deslocados na região.
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