O Tribunal de Westminster rejeitou mais uma vez esta terça-feira, 13 de fevereiro, o pedido de revogação do mandato de prisão de Assange, diligência interposta pelo próprio fundador do WikiLeaks, há cinco anos e meio refugiado na embaixada do Equador em Londres.

O tribunal londrino considerou que a manutenção do mandato "não fere o interesse público". "Considero que a prisão é uma resposta proporcional, mesmo que Assange restrinja a sua própria liberdade há vários anos", acrescentou a juíza Emma Arbuthnot.

O australiano de 46 anos refugiou-se em junho de 2012 na embaixada do Equador, num prédio de tijolos vermelhos localizado no bairro de Knightsbridge, para evitar a extradição para a Suécia, onde era acusado desde o final de 2010 de violação e agressão sexual - acusações que este nega.

Assange, que recebeu a nacionalidade equatoriana em dezembro, teme, caso seja preso, ser extraditado e julgado nos Estados Unidos pela divulgação, em 2010, de milhares de segredos militares e documentos diplomáticos americanos.

O Ministério Público sueco arquivou o caso em maio de 2017, mas na semana passada a juíza Emma Arbuthnot decidiu que o pedido de detenção ainda era válido do ponto de vista jurídico, porque essa decisão foi proferida depois de Julian Assange ter violado as condições da sua liberdade sob fiança.

No Twitter, Assange enfatizou que teoricamente "já cumpriu mais de três vezes a pena máxima" prevista por fugir à justiça.

Na esperança de chegar a uma solução para este enigma jurídico e diplomático, o Equador concedeu a nacionalidade equatoriana ao fundador da WikiLeaks, com a ideia de que a imunidade lhe permitiria deixar a representação diplomática. Mas o Reino Unido recusou-se a conceder-lhe status diplomático.

Assange fez poucas aparições públicas na varanda da embaixada onde mora desde junho de 2012, com um gato como seu único companheiro.

Recentemente, principalmente nos Estados Unidos, foi acusado colaborar com a Rússia devido à sua influência na eleição do republicano Donald Trump.

Em julho de 2016, o WikiLeaks publicou 20 mil e-mails pirateados do Partido Democrata americano, entre os quais alguns prejudiciais à campanha da então candidata presidencial Hillary Clinton, o que, segundo analistas, contribuiu para a vitória de Trump.

Face a estas acusações, Julian Assange negou que a Rússia ou qualquer outro Estado estivesse por trás desta divulgação.

Na semana passada, o Equador garantiu que continuará a proteger Julian Assange "enquanto a sua vida estiver em perigo".

Também disse que continuaria a procurar juntamente com o Reino Unido uma "solução satisfatória para ambos os países e respeitosa aos direitos humanos".

Mas a situação de Assange tornou-se "uma pedra no sapato" do Equador, de acordo com o seu presidente Lenin Moreno, que herdou o problema do seu antecessor e agora inimigo Rafael Correa.