A confirmar-se, a alegada fraude e distorção dos resultados das eleições suíças pode abalar o sistema de democracia direta da Suíça, onde o voto por correspondência é a principal forma de os eleitores votarem e onde os referendos, quatro vezes por ano, dão aos cidadãos uma palavra direta na elaboração de políticas.
Os jornais do grupo de media suíço Tamedia foram os primeiros a noticiar a queixa criminal apresentada pelo grupo “Service Citoyen” (Serviço ao Cidadão).
O próximo referendo na Suíça está agendado para 22 de setembro.
As organizações da sociedade civil e outras entidades que queiram apresentar propostas para referendos devem recolher, pelo menos, 100.000 assinaturas de eleitores elegíveis para se qualificarem para votações nacionais e, por vezes, recorrem a empresas externas para o efeito.
Foi o caso do “Service Citoyen”. Noemie Roten, jornalista e economista, copresidente da organização, encomendou a uma empresa externa a recolha de cerca de 10.000 assinaturas constantes nos cadernos eleitorais e verificou que cerca de um terço das assinaturas recolhidas pareciam ser falsas, envolvendo moradas falsas, datas de nascimento falsificadas e mesmo assinaturas repetidas.
Roten elaborou e enviou então um relatório de 236 páginas ao gabinete do procurador-geral suíço, e revelou hoje à Associated Press que a justiça do país está a investigar o assunto.
A ativista afirmou também à AP que disse que as descobertas “podem realmente comprometer a confiança que os cidadãos suíços têm na democracia direta”.
A chancelaria federal suíça, que supervisiona as eleições nacionais, fez saber que está a realizar outros controlos em cantões suíços dos quais recebeu provas de assinaturas falsas.
A chancelaria avançou ainda que não pode fazer qualquer avaliação fiável sobre o grau de disseminação da prática, enquanto não concluir as investigações.
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