“Invocamos oficialmente o mecanismo de redução de risco e exigimos que a Rússia forneça explicações detalhadas sobre as atividades militares nas áreas adjacentes à Ucrânia e à península temporariamente ocupada da Crimeia”, escreveu o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dmitro Kuleba, na rede social Twitter.
O Documento de Viena de 2011 sobre Medidas de Construção de Confiança e Segurança é vinculativo e aplicável a todos os membros da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE).
O chefe da diplomacia ucraniana recordou que, segundo este documento, a Rússia “tem 48 horas” para informar “sobre as áreas exatas da sua atividade militar, anunciar as datas do fim das manobras” e outros dados, tais como o número de unidades militares participantes, o tipo de armas e o equipamento militar utilizado.
Ainda hoje, a Ucrânia respondeu à pressão militar nas fronteiras com a Rússia e a Bielorrússia, e nas águas do mar Negro, com as suas próprias manobras militares em todo o país, apesar de confiar que a atual ofensiva diplomática europeia contribua para uma desescalada.
Os exercícios “Zametil-2022” (“Tempestade de Neve-2022”) começaram na quinta-feira em diversos polígonos militares do país, em resposta às manobras russo-bielorrussas “Determinação Aliada-2022”, que suscitaram apreensão de Kiev e da NATO, que temem uma invasão.
Os militares ucranianos realizam os exercícios em condições climáticas extremamente difíceis, já que esta é a época mais fria do ano, mas os peritos militares ocidentais preveem que a Rússia possa lançar a sua ofensiva a qualquer momento, uma vez que o solo congelado torna mais fácil a movimentação de tanques e veículos blindados.
Nas fronteiras marítimas, a Ucrânia pediu ajuda internacional e ações conjuntas contra o bloqueio por navios russos das rotas do mar Negro, segundo Kuleba.
“Informámos sobre estas ações da Federação Russa o secretário-geral da ONU, a União Europeia, os líderes dos Estados amigos, e iniciámos consultas com os países costeiros do mar Negro para empreender ações conjuntas”, afirmou.
Ao mesmo tempo, insistiu que o mar Negro e a sua segurança não dizem respeito apenas à Ucrânia, pelo que o governo de Kiev contactou os seus parceiros para “preparar uma resposta coordenada”.
O porta-voz da Presidência russa, Dmitry Peskov, argumentou na quinta-feira que “todas as manobras e movimentos dos navios russos nas águas do mar Negro são efetuadas em estrita conformidade com a lei marítima”.
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