Escreve o Público que não foram registados óbitos de utentes ou residentes de Estruturas Residenciais Para Idosos por covid-19 nas últimas duas semanas. De acordo com os especialistas, estes números justificam-se pelo facto de a população mais idosa já estar vacinada.

"O que estamos a ver é o efeito de uma cobertura vacinal muito elevada da população acima de 80 anos, onde se concentravam 95% dos óbitos devido à covid-19", disse o pneumologista Filipe Froes, coordenador do gabinete de crise da Ordem dos Médicos para a covid-19.

Miguel Prudêncio, investigador do Instituto de Medicina Molecular da Faculdade de Medicina de Lisboa, concorda com a afirmação, nesta perspetiva do "efeito das vacinas para salvar vidas", uma vez que já foi "imunizada uma percentagem significativa da população que corre mais riscos de morrer se for infetada".

"Ainda há pouco tempo se verificava que os lares de idosos tinham um terço das mortes devido à covid-19. Como foram os utentes dos lares e os profissionais de saúde os primeiros a serem vacinados, verificou-se logo uma queda abrupta das mortes, deixámos de ter todas essas mortes nos lares", explica.

Já Carla Nunes, especialista em epidemiologia e estatística e diretora da Escola Nacional de Saúde Pública, recorda que "a idade é o factor mais associado à mortalidade por covid-19". Olhando para os números, no início de abril 44% dos idosos com mais de 80 anos já tinha recebido as duas doses da vacina e 85% tinha apenas uma dose.

Desta forma, e com o decorrer da vacinação noutras faixas etárias, "esta tendência [de menor mortalidade] será cada vez mais clara em Portugal e noutros países", rematou.

Recorde-se que o boletim da DGS de segunda-feira trouxe a notícia de que Portugal não tinha registo de mortes relacionadas com covid-19 nas últimas 24 horas, o segundo dia desde o início da pandemia em que isto se verifica. O único dia sem registo de mortes tinha ocorrido em 3 de agosto do ano passado.