“Dois deputados é pouco. Nós queremos um grupo parlamentar que seja tão reforçado quanto possível para cumprir com os nossos objetivos eleitorais que são efetivamente de crescer, ter essa representação parlamentar em grupo, que segundo o Regimento da Assembleia da República, nos dá direitos que um deputado único não tem”, respondeu Rui Tavares, em entrevista à agência Lusa, questionado sobre os objetivos eleitorais do Livre.
O deputado afirmou que “as sondagens dão a possibilidade de eleição” ao Livre em Lisboa, Porto e Setúbal e considerou que muitos eleitores vão decidir o seu voto “no próximo mês, mês e meio”, assinalando que algumas pessoas que votaram no PS nas últimas legislativas aparentam estar arrependidas. Para o dirigente do Livre, a pressão do voto útil “não será tão forte nestas eleições”.
Interrogado sobre se está disponível para integrar um Governo à esquerda, Rui Tavares respondeu que o Livre está “disposto para um acordo multilateral”, salientando que “depende muito como for a relação de forças no dia 10 e como outros partidos estiverem posicionados também”.
“O Livre estará pronto para também fazer parte de uma solução governativa e não só parlamentar”, acrescentou.
Sobre que áreas gostaria de assumir num governo, Rui Tavares apontou ‘pastas’ como a do ambiente, ciência e tecnologia, ensino superior, assuntos europeus ou a área do trabalho.
O dirigente argumentou que o que dará a estabilidade ao país “será ter uma maioria de esquerda, uma maioria de progresso, que já provou no passado que pode dar estabilidade ao país quando tem um acordo escrito” e não “uma maioria de direita cada vez mais radicalizada e sequestrada pela extrema-direita”.
“Haja aí acordo formal ou não, é a geringonça contra a barafunda”, disse, considerando que a direita portuguesa precisa neste momento de “resolver o problema que criou” no qual “está a ser devorada pela extrema-direita”.
“Desse ponto de vista, o que é que é o voto mais útil, o que é que eu sinto que as pessoas mais nos pedem? Uma estratégia para defender a democracia portuguesa contra a extrema-direita para não termos que passar pelo mesmo que passaram os Estados-Unidos da América, o Brasil ou pior ainda, a Hungria”, alertou.
Na opinião do historiador, essa estratégia deve incluir, primeiro, uma “responsabilidade à esquerda, entre os progressistas, de terem uma solução governativa nestas eleições”.
“Mas também com o centro e com a direita democrática, haver aspetos de renovação da democracia portuguesa que, por um lado, deem resposta às pessoas sobre questões que as inquietam na luta contra a corrupção, na transparência da governação em Portugal, na integridade dos governantes”, acrescentou.
Por outro lado, continuou, são necessárias mudanças no sistema político e eleitoral, como a introdução de um círculo nacional de compensação ou a criação de “federações partidárias”, que segundo o deputado são distintas de coligações.
“Para efeitos de contagem dos votos e, portanto, para maximização das possibilidades que temos, com o sistema de Hondt, de alocação de deputados, determinados grupos de partidos e até de coligações, devem ser contados em conjunto”, explicou, considerando que este sistema “permitiria acantonar a extrema-direita”.
ARL // SF
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