No duelo com a coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, realizado hoje na SIC Notícias, o historiador e cabeça-de-lista por Lisboa do Livre, Rui Tavares, repetiu o apelo já feito ao secretário-geral do PS e primeiro-ministro, António Costa, que estendeu ao BE, PCP, PEV e ao PAN, para um “pacto social, progressista e ecológico com uma agenda para um novo modelo de desenvolvimento para o país”, apresentado até ao próximo dia 25 de Abril.
Tavares apontou para necessidade do país ter um orçamento rapidamente, uma vez que “Portugal não pode continuar a viver a duodécimos”.
“Precisamos de ter um programa de Governo à esquerda, viabilizado se a esquerda tiver maioria e devemos estar todos disposto a fazer uma negociação conjunta para achar esse programa de governo e esse orçamento”, vincou.
Na resposta, a coordenadora do BE, Catarina Martins, vincou que o BE “quis, fez, propôs e fará um acordo à esquerda para o governo de Portugal” e que tal será feito com o Bloco “reforçado enquanto terceira força política”, acrescentando que os bloquistas não vão negociar um orçamento mas sim “uma legislatura”.
Mas a maioria das críticas de Catarina Martins dirigiram-se ao secretário-geral do PS, António Costa, ao qual tentou ‘colar’ o Livre, argumentando que “ideias e propostas que na verdade são facilmente abraçadas pelo PS mas que depois não tem concretização na vida das pessoas são muito perigosas”.
“No momento em que o Rui Tavares propuser a António Costa equacionar e estudar a exclusividade eu lhe garanto que António Costa diz logo que sim: cria um grupo de trabalho e vai passar quatro anos a estudar e a equacionar a exclusividade, que é algo que já esta a ser estudado desde 2017 e que precisa é de ser implementado. E é este dado de concretização da proposta que eu julgo que é muito necessário”, sustentou.
Tavares recusou “ambiguidade estratégica” e vincou que o voto no Livre “é o mais claro do boletim de voto”.
“Eu creio que muitos eleitores à esquerda estão preocupados, uns dizendo que houve intransigência de BE e PCP e outros dizendo que houve vontade de António Costa de governar sozinho. A novidade é que ambos podem ter razão", disse.
Para Rui Tavares, “a maneira de passar a mensagem certa a ambos os lados não é certamente transferindo votos de PCP e BE para Costa, isto porque se o atual primeiro-ministro “tiver uma maioria absoluta não vai achar que está a governar menos sozinho, por muitas promessas que faça agora”, apontando que “a arrogância de antes não diminui com uma maioria absoluta”.
“Mas as transferências de voto no sentido inverso também não vão aumentar a capacidade de diálogo e compromisso. A mensagem numa esquerda que é claramente da convergência é claramente o Livre”, argumentou.
Ironizando que Tavares parecia António Costa ao falar de “intransigência do Bloco”, a líder bloquista disse ainda ter assistido ao debate entre Costa e Tavares e confessou ter ficado preocupada com o facto do salário mínimo nacional ter sido um tema mas não a legislação laboral.
“E o programa do Livre não tem uma linha sobre uma necessidade absoluta de tirar as medidas da ‘troika’ que ainda estão no nosso código do trabalho e que impedem objetivamente a valorização dos salários”, criticou.
Catarina Martins vincou ainda que estas alterações à legislação laboral foram defendidas no recente manifesto subscrito por cem signatários que apelam a uma “maioria plural” à esquerda, ou até pelo “próprio líder dos sindicalistas do PS” mas o obstáculo “chama-se António Costa”.
Tavares deixou ainda críticas ao Bloco quanto ao 'chumbo' do Orçamento do Estado para 2022, que levou à dissolução da Assembleia da República e a eleições legislativas antecipadas, dizendo que "ninguém entendeu e não há um bom argumento" para que o documento não tenha seguido para a especialidade.
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