“Esperamos que Mário Centeno não siga a mesma política do antigo governador do BdP. Tenho esperanças que ele, que tinha uns certos atritos com [o antecessor] Carlos Costa, possa avançar noutro tipo de política, porque o que está aqui em questão é a violação de direitos fundamentais dos cidadãos, como a propriedade e a dignidade humana”, afirmou à agência Lusa um dos fundadores da ALSB.

Falando durante um protesto promovido hoje pela associação, que juntou cerca de duas dezenas de pessoas no centro do Porto, António Silva defendeu ainda a intervenção dos deputados portugueses no Parlamento Europeu: “Temos tido diversas reuniões com várias pessoas ligadas ao Governo e estamos a pensar fazer uma exposição a entidades europeias. Temos muitos deputados europeus que podiam tentar que a coisa fosse resolvida como, por exemplo, em Itália, onde por causa da fidúcia e da estabilidade do sistema financeiro até vão pagar aos pequenos acionistas”, sustentou.

Já em Portugal, contrapôs, “coitados dos que foram ao aumento de capital do BES [Banco Espírito Santo], que foram enganados e, de um dia para o outro, ficaram sem o dinheiro”.

Sustentando que os lesados eram “clientes de uma instituição que estava acima de qualquer suspeita e que o Banco de Portugal dizia que era segura e tinha dinheiro para os salvaguardar”, António Silva diz que foram “vítimas de informação fraudulenta” e “expropriados sem dó nem piedade”.

“Houve um ilícito no momento em que foram feitas as nossas aplicações. Houve uma burla e o nosso dinheiro está vencido no momento do ilícito. O BdP mandou o BES criar provisões de 1.837 milhões de euros para pagar aos pequenos clientes de retalho e, quando faz a resolução, passa essa provisão para o Novo Banco, que não nos paga”, acusa.

Recordando que os clientes lesados andam “há seis anos a gastar dinheiro e a dar cabo da saúde”, sendo que “muitos já morreram por causa disto e outros têm tido graves problemas, havendo até suicídios”, António Silva diz que alguns, “confrontados com o ‘isto ou nada’, foram levados a assinar um acordo [de ressarcimento parcial] com cláusulas abusivas”.

Já quem se recusou a assinar este acordo, diz, “recebeu zero”.

Também presente na concentração, outro dos fundadores da ALSB, Jorge Novo, disse à Lusa que o protesto de hoje marcou o regresso dos lesados às manifestações, após uma pausa imposta pela pandemia.

“Queremos aquilo que é nosso e nos é devido. São seis anos de luta, chega de conversa fiada, tenham vergonha, queremos aquilo que é nosso”, reclamou, avançando que ainda em agosto será organizado novo protesto.

“A conversa fiada continua. Uns dizem que estão atentos à situação, outros dizem-nos para estarmos calmos. Mas nós não nos governamos com calma, nem estando atentos. Temos que ter aquilo que nos é devido. Reclamamos a provisão e enquanto isso não for resolvido os lesados continuarão na rua”, acrescentou.

O BES, tal como era conhecido, acabou em agosto de 2014, deixando milhares de pessoas lesadas devido a investimentos feitos no banco ou em empresas do Grupo Espírito Santo.

O Banco de Portugal, através de uma medida de resolução, tomou conta da instituição fundada pela família Espírito Santo e anunciou a sua separação, ficando os ativos e passivos de qualidade num ‘banco bom’, denominado Novo Banco, e os passivos e ativos tóxicos no BES, o ‘banco mau’ (‘bad bank’), sem licença bancária.

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