Em declarações aos jornalistas no final de uma reunião da Mesa Nacional do partido, em Lisboa, a líder do BE afirmou que foi aprovado “o regimento da Convenção Nacional do Bloco de Esquerda e a decisão de ter um lema para a convenção, que é ‘Levar o país a sério'”.

Catarina Martins sustentou que este lema “indica duas prioridades do BE: por um lado sinalizar a exigência republicana de uma democracia que responde com transparência e com verdade ao país, por outro lado sinalizar a também absoluta necessidade que existe hoje de ouvir o país, de ouvir as reivindicações das crescentes mobilizações e dar resposta a quem trabalha e a quem exige uma alternativa política”.

Questionada se no futuro poderá ser possível uma nova política de entendimento à esquerda, a líder do BE considerou que aquilo a que tem assistido nas ruas, “de mobilização de setores tão diferentes, mas que estão juntos nesta exigência salário, de habitação, de resposta à vida concreta das pessoas, é indicativo deste novo ciclo político”, de uma “maioria absoluta que é incapaz de responder às necessidades do país”.

“Esta convenção do BE será também uma convenção sobre este novo ciclo político e a absoluta incapacidade de a maioria absoluta, e a necessidade de construir uma política económica e social alternativa à que temos tido”, indicou.

Catarina Martins referiu que deverá ser a última reunião do órgão máximo entre convenções antes da reunião magna do partido, mas ressalvou que a “Mesa Nacional do BE reunirá se for politicamente necessário”.

A Mesa Nacional do BE reuniu-se hoje para fazer um balanço do seu mandato que termina na convenção do final de maio, e debater alterações aos estatutos e ao regimento dessa reunião magna.

Esta Mesa Nacional estava já prevista no calendário da convenção, segundo o qual este órgão “discute e vota propostas de alteração aos estatutos e proposta de regimento da XIII Convenção”.

Aos jornalistas, a coordenadora do Bloco de Esquerda – que já anunciou que não se vai recandidatar à liderança na próxima convenção – referiu que nesta reunião foi aprovado, por unanimidade, “o relatório da Mesa Nacional e dos vários órgãos que trabalharam diretamente com a Mesa Nacional” e que “dá conta do trabalho que foi realizado desde a última convenção”.

Catarina Martins referiu que o regimento da convenção “é muito similar àquilo que tem acontecido nas últimas convenções” e que “tem regras para permitir que todas as sensibilidades sejam ouvidas de forma proporcional e tem regras para não permitir que as maiorias ocupem demasiado tempo das intervenções”.

Quanto aos estatutos, “há alguma preocupação em acomodar algumas alterações que têm a ver até com próprias exigências que o Tribunal Constitucional tem feito em geral, mas que são formais”, afirmou, acrescentando que “os estatutos do BE não têm nenhum problema, foram sempre aprovados pelo Tribunal Constitucional, mas havendo pequenas alterações que possam ser feitas”, serão feitas.

A líder do BE disse ainda que há uma “novidade do ponto de vista político, que tem a ver com o combate a todas as descriminações”, adiantando que os estatutos do partido vão passar a incluir as questões da identidade de género e aumentar para 40/60 as exigências de paridade para as estruturas locais.