“Agradeço ao Presidente, que permitiu esta libertação”, disse a opositora ao sair da prisão de Mageragere, na capital ruandesa, Kigali.

“Espero que isto marque o princípio da abertura do espaço político no Ruanda”, acrescentou, apelando ao chefe de Estado, Paul Kagame, que “liberte outros presos políticos”.

A libertação inesperada de 2.140 detidos foi decidida no Conselho de Ministros de sexta-feira.

Victoire Ingabire Umuhoza foi detida em 2010, pouco tempo depois de regressar ao Ruanda para se candidatar às eleições presidenciais pelo partido Forças Democráticas Unificadas (FDU-Inkingi), uma formação da oposição não reconhecida pelas autoridades.

Ingabire, uma economista ‘hutu’, cumpria uma pena de 15 anos de prisão, a que foi condenada em 2013, por conspiração contra o Governo, traição e colaboração com grupos terroristas e “minimização do genocídio de 1994″, que fez 800.000 mortos em três meses, sobretudo membros da minoria ‘tutsi’.

A opositora não estava no país quando ocorreu o genocídio e a sua condenação foi justificada com a exigência que fez de que também fossem julgados os autores de crimes contra os ‘hutu’.

Entre os presos abrangidos pelo indulto presidencial figura também o músico Kizito Mihigo, detido em 2015 e condenado a dez anos de prisão por conspiração para assassinar o Presidente.

Paul Kagame, antigo líder da milícia ‘tutsi’ Frente Patriótica do Ruanda (FPR), entretanto convertida em partido político, dirige o país com mão-de-ferro desde 2000.

Em agosto de 2017, Kagame foi reeleito com 98,7% dos votos numas eleições marcadas por irregularidades, segundo organizações internacionais.

O Governo do Ruanda é acusado por várias organizações de defesa dos direitos humanos de detenções extra-judiciais, repressão de opositores e ataques aos meios de comunicação.