“Temos uma larga maioria população cada vez mais apertada, sempre à espera do dia de são receber, que nunca mais chega, e depois temos a banca com 10,7 milhões de euros de lucros por dia, que é uma afronta à vida de cada um. Quem diz a banca diz a EDP, a Galp, os grandes grupos económicos... E temos uma política que é dirigida para garantir que esses lucros se mantêm e sobem. Isso não pode continuar, não é possível”, afirmou, em declarações à Lusa.
Paulo Raimundo falava à margem de um jantar com militantes, em Angra do Heroísmo, na ilha Terceira, no arranque de uma visita de quatro dias aos Açores, a primeira enquanto secretário-geral do PCP.
Num discurso, após o jantar, o líder comunista alertou para os baixos salários, para a pobreza e para as dificuldades de acesso à habitação e à saúde, mas sublinhou uma “brutal injustiça”, comparando os vencimentos da maioria dos portugueses com os lucros da banca.
“Nesta hora em que estivemos aqui a jantar, os cinco maiores bancos em Portugal concentraram nos seus bolsos, a partir do esforço de todos nós, qualquer coisa como 450 mil euros. É coisa pouca, são 10,7 milhões de euros de lucros por dia”, frisou, alegando que “70% de toda a mão-de-obra” em Portugal “ganha até 1.000 euros de salário bruto”.
O secretário-geral do PCP salientou que a situação de “injustiça” e “desigualdade” se verifica também, quando se comparam os salários com os lucros dos grandes grupos económicos.
“Enquanto nós andamos apertados com os preços dos combustíveis, com o aumento do custo de vida, com o preço dos bens alimentares, a EDP teve 300 milhões de euros de lucros no primeiro trimestre deste ano e podemos dizer que o grupo Sonae e o grupo Jerónimo Martins, grandes detentores de uma parte significativa da distribuição, tiveram mais de 200 milhões de lucros, nos primeiros três meses do ano”, apontou.
Questionado sobre as respostas do primeiro-ministro ao PSD sobre a ação do SIS na recuperação de um computador do Ministério das Infraestruturas, o líder comunista reiterou que o mais importante é “tratar da vida das pessoas”.
“Eu ontem vi uma notícia de que o PSD tinha feito 15 perguntas e tinha dado um mês ao primeiro-ministro para responder e hoje apercebi-me de que o primeiro-ministro já tinha respondido e pensei: está aqui um bom contributo para arrumar com este problema de vez, para passarmos ao que é fundamental, a vida das pessoas, mas estou convencido de que não vai ser assim, porque vai haver mais folhetim sobre esta matéria”, revelou.
Na primeira visita aos Açores, onde o PCP perdeu, em 2020, representação parlamentar, Paulo Raimundo manifestou-se confiante numa recuperação nas próximas eleições, alegando que o partido é "uma voz ativa na resolução da vida das pessoas".
“Temos toda a confiança de que vamos recuperar esse lugar no Parlamento, na primeira oportunidade que tivermos, que em princípio será para o próximo ano. Estamos empenhados nisso e temos vindo a procurar desenvolver o nosso trabalho, não só, mas também com esse objetivo”, vincou.
Quanto aos motivos que levaram à perda de representação parlamentar, em 2020, Paulo Raimundo disse que “as circunstâncias foram muito diversas” e que “não há eleições iguais”.
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