“Teremos de fazer um reequilíbrio permanente: não queremos uma sociedade tão desformalizada, que não ofereça segurança às pessoas, mas também não queremos uma sociedade que, para dar maior segurança a quem está dentro, não oferece segurança nenhuma a quem está à porta para entrar”, afirmou, num colóquio organizado pelo Conselho Nacional de Juventude (CNJ).
Questionado sobre o problema do desemprego jovem, Passos Coelho defendeu que o mercado laboral é uma área onde os governos não devem introduzir ruturas mas privilegiar a “cultura do compromisso”.
“Fizemos um acordo de concertação social, em 2012, em que vários aspetos do mercado laboral foram flexibilizados, esse dinamismo apareceu”, afirmou, considerando, contudo, que na segunda metade do ano passado se registou “uma certa estagnação da oferta de emprego” relacionada com a falta de investimento.
Para o líder do PSD, seria necessário firmar com os parceiros sociais “um novo compromisso que viesse dar uma nova dinâmica ao mercado de trabalho”.
Sublinhando que “não há emprego sem investimento”, Passos Coelho aludiu à recente eleição do novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para alertar que “há novas ameaças de protecionismo, de fechamento económico, que podem trazer um recuo no comércio internacional”.
“Se este recuo na economia aberta se vier a confirmar pior para nós, porque o nosso mercado é muito pequeno (…) serão más notícias”, assegurou.
Sobre o crescimento dos movimentos nacionalistas e extremistas em vários países, o presidente do PSD aconselhou os jovens e os cidadãos em geral a “não meterem a cabeça na areia” e a combater essas ideias, mas sem as desvalorizar.
“A forma adequada não é desqualificar, insultar aqueles que protagonizam essas ideias, essa é uma forma pouco inteligente de lidar com estes processos para além de ser bastante criticável”, alertou, considerando que a vantagem das sociedades democráticas é serem “maduras e tolerantes”.
Passos Coelho quis dar um exemplo português, relacionado com a adesão do país à então Comunidade Económica e Europeia (CEE) há pouco mais de 30 anos.
“É inequívoco o efeito positivo na sociedade portuguesa que essa pertença significou (…) E, no entanto, crescem hoje – não digo que de forma perigosa – as vozes que responsabilizam o que se passa de mal em Portugal com ou a burocracia europeia ou a falta de liderança na UE”, sublinhou, lamentando que pareça haver “um certo receio” em fazer hoje a apologia da Europa.
No colóquio do CNJ, Passos Coelho foi ainda questionado sobre a posição do PSD sobre uma futura iniciativa do Governo sobre a identidade de género.
Passo Coelho escusou-se a pronunciar-se, dizendo desconhecer o conteúdo do diploma, mas salientou que o PSD não define habitualmente orientações partidárias em matérias de consciência, tal como acontecerá sobre a questão da morte assistida, tema a propósito do qual o partido organizará em breve um colóquio parlamentar.
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