A história foi revelada pela atriz no podcast "Era o que Faltava", de Rui Maria Pêgo e Ana Martins, da Rádio Comercial. A conversa abordou vários pontos altos da carreira, desde a participação numa produção de Michael Bay para a Netflix que envolve uma luxuosa limusine a comparações com Julia Dench, aos tempos vividos ao lado de Herman José.
No entanto, há também a parte em que conta aquilo que viveu durante as filmagens de O Homem Que Matou D. Quixote, uma produção de Terry Gilliam, na qual afirma ter tido "uma péssima experiência" por causa de Adam Driver, um dos protagonistas do filme e um ator que esteve nomeado para um Óscar pelo papel que desempenhou em Marriage Story. Lídia Franco sinalizou que só falava em duas ou três cenas do filme, embora aparecesse em mais.
"Aconteceu uma coisa, acho eu, que às vezes acontece nos filmes e que não tem a ver com os atores. Não tem mesmo. É que na edição não dá a bota com a perdigota e eu acho que acabei por não aparecer no filme", explicou primeiro. Só depois é que chega à parte em que começa a falar sobre o episódio com o ator da série Girls da HBO ou da saga Star Wars.
"Guardo desse filme uma péssima experiência por causa do ator Adam Driver", diz. O relato causa de imediato incredibilidade na dupla que conduz o podcast, especialmente em Rui Maria Pêgo, que revela que a informação que acabara de receber lhe "partia o coração" porque se trata de um "ator extraordinário".
É na sequência deste comentário do locutor que Lídia Franco frisa que "ele será extraordinário como ator, mas é uma péssima pessoa". Questionada por Ana Martins se Adam Driver não tinha apenas "mau feitio", Lídia Franco respondeu que "mau feitio é outra coisa". Depois, apesar de a atriz considerar que o norte-americano "não merece que eu esteja agora aqui a falar dele", alongou o comentário e revelou mais detalhes sobre história e o sucedido.
"Uma das coisas que ele começou por fazer em Espanha (…). Ele exigia, no ensaio, [que] todos os técnicos saíssem do plateau. E continuou a fazer isso em Portugal, mas houve técnicos portugueses que se negaram a fazer isso. Ele dizia, virem-se de costas. E eu vi pelo menos um deles sair do estúdio. Ele exigia, e acho que por contrato, que ninguém podia olhar para ele. Se olhassem, os figurantes ou quem olhasse, eram imediatamente despedidos — o que aconteceu. E muito mais que eu não digo", afirmou.
Instada a comentar se a equipa de produção não tomava uma medida perante este tipo de atitudes por parte do ator, revelou que "vieram ter comigo e disseram: Lídia, isto é horrível, aquilo que ele lhe está a fazer. Mas nós, por contrato dele, não podemos fazer nada. Você é livre, se quiser, de abandonar. Eu disse que não abandonaria este filme e fiquei ali a levar com ele", disse.
É então que ressalva que Adam Driver se portou "muito mal" consigo, "fisicamente". A atriz confidenciou inclusive que nunca pensou que a situação destas pudesse acontecer, nomeadamente numa co-produção internacional.
"Agrediu-me. (...) Mas não tinha nada a ver com a cena. (…) Eles [produção] deram-me autorização para sair [do filme] porque disseram que o que ele estava a fazer era horrível, mas que não podiam fazer nada. Estavam de mãos atadas. (…) Legalmente, não podiam fazer nada", explicou, enfatizando, contudo, que se tratou de "uma agressão camuflada, com uma cadeira".
Para rematar o tema, Lídia Franco enfatiza que Adam Driver é alguém que considera ser "bom ator, porém energúmeno".
"O Homem que matou Dom Quixote" é um projeto antigo de Terry Gilliam, que remonta a 1989, e cuja produção sofreu sucessivos solavancos e interrupções, com problemas com elenco e com financiamento, sendo descrito pela imprensa especializada como um filme amaldiçoado.
O filme foi rodado em Portugal e em Espanha, e conta com interpretações de Jonathan Pryce, Adam Driver, Olga Kurilenko e da atriz portuguesa Joana Ribeiro, entre outros. A estreia portuguesa tem estado em suspenso por causa de processos em tribunal com o produtor Paulo Branco.
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