Na ata da fundamentação da escolha, o júri considera tratar-se de um “romance de uma rara maturidade discursiva”, que não deixa de “surpreender pela sua aparente simplicidade, a qual exige do leitor um certo modo de afinação ou adestramento capaz de lhe permitir captá-lo na malha da sua discreta complexidade”.
“Misericórdia”, editado pela D. Quixote, é um “hino à leitura, à literatura e ao poder transformador de ambas na vida do humano, mas também ao poder da literatura para levantar do chão os desvalidos do tempo e do imaginário social comum”, acrescentou o júri.
Esta é a segunda vez que Lídia Jorge conquista o Grande Prémio da APE, depois de ter sido distinguida pelo romance de 2002, “O vento assobiando nas gruas”.
A obra “Misericórdia” foi escolhida de um conjunto de 86 livros admitidos a concurso.
O Grande Prémio de Romance e Novela 2022, da Associação Portuguesa de Escritores, instituído em 1982, conta com o apoio da Direção-Geral do Livro, Arquivos e Bibliotecas, e tem um valor pecuniário de 15.000 euros.
A atual edição do prémio contou ainda com os apoios da Câmara Municipal de Grândola, da Fundação Calouste Gulbenkian e do Instituto Camões.
O júri desta 41.ª edição foi composto por José Manuel de Vasconcelos, Isabel Cristina Rodrigues, Maria de Lurdes Sampaio, Mário Avelar, Paula Mendes Coelho e Salvato Teles de Menezes.
No ano passado a obra vencedora foi “Volta ao mundo em vinte dias e meio”, de Julieta Monginho.
Valter Hugo Mãe, Teolinda Gersão, Hélia Correia, H.G. Cancela, Paulo Varela Gomes, Alexandra Lucas Coelho, Gonçalo M. Tavares, Rui Cardoso Martins, Filomena Marona Beja, Francisco José Viegas, Vasco Graça Moura, Mafalda Ivo Cruz, Lídia Jorge, Maria Velho da Costa, Fernanda Botelho, Rui Nunes, Augusto Abelaira, Mário de Carvalho, Vergílio Ferreira, Helena Marques, José Saramago, Paulo Castilho, João de Melo, Vergílio Ferreira e David Mourão-Ferreira são outros autores com obras distinguidas com o Grande Prémio de Romance e Novela da APE.
Agustina Bessa-Luís, António Lobo Antunes, Ana Margarida de Carvalho, Julieta Monginho e Maria Gabriela Llansol também receberam por duas vezes o galardão.
O escritor Mário Cláudio soma três Grandes Prémios de Romance e Novela, por “Amadeo” (1984), “Retrato de Rapaz” (2014) e “Tríptico da Salvação” (2020).
Na primeira edição, o Grande Prémio de Romance e Novela foi atribuído a José Cardoso Pires, por “Balada da Praia dos Cães”, obra publicada em 1982.
Comentários