“Recebi uma informação de um doente que morreu dentro de uma ambulância. Isso é garantido”, avançou à agência Lusa o presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP), Jaime Marta Soares, assumindo que os bombeiros estão a viver “momentos muito difíceis e muito complicados", porque estão a ser eles a fazer “quase de hospitais”.
Segundo Marta Soares, as ambulâncias dos bombeiros estão a ficar retidas com doentes em muitos dos hospitais do país, durante horas.
“Chegamos lá [aos hospitais], não há macas, e muitas vezes eles estão horas nas nossas macas, alguns dentro das próprias ambulâncias, a ponto de já terem morrido cidadãos dentro das próprias ambulâncias, e muitas vezes as nossas macas ficam lá retidas, nos corredores, nas urgências, onde efetivamente esses hospitais se servem do nosso equipamento para garantir o resguardo dos doentes, já que não têm capacidade com camas, nem com macas" para fazer a receção, descreveu.
Questionado pela Lusa sobre quais os hospitais que estão a deixar as ambulâncias à espera nas urgências com os pacientes retidos nas macas no interior das viaturas, Marta Soares declarou que é na generalidade dos hospitais do país.
“É em vários hospitais. Em variadíssimos. Não vale a pena estar a dizer que é neste ou naquele. São na generalidade dos hospitais deste país. Obviamente mais nuns do que noutros, mas na generalidade estão sempre ambulâncias em fila à espera, umas vezes com os doentes lá dentro, outras vezes à espera dos equipamentos que lá estão retidos, uma duas, três, quatro horas e nem sequer dizem nada”, reiterando que “já houve uma morte dentro de uma ambulância”.
Há muitos anos que há “problemas gravíssimos com os hospitais e com as Administrações Regionais de Saúde (ARS), mas agora com a pandemia da covid-19, agudizou-se”, alerta o presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, referindo que “chegam a estar cinco, dez, 15, 20 ambulâncias à frente dos hospitais para deixar os doentes e não as deixam”.
Jaime Marta Soares defende, por isso, que o material se “universalize” com as ambulâncias equipadas com macas adequadas e iguais às dos hospitais e, portanto, quando os bombeiros chegassem ao hospital com o doente deixavam-no na maca e traziam outra maca da unidade hospital, permitindo que não parasse o acesso aos doentes, nem parassem as ambulâncias.
Segundo o presidente da LBP, “98% do transporte de socorro dos doentes em Portugal é feito pelos bombeiros” e a parte que corresponde ao INEM (Instituto Nacional de Emergência Médica) é coberta em “95% por parte dos bombeiros”.
(Notícia atualizada às 13:21)
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