Com “muitas dúvidas” sobre a instalação da videovigilância, o comerciante António Revés, proprietário há 16 anos de uma loja de ferragens no n.º 11 da Avenida Almirante Reis, afirmou à Lusa que “basta” e que “é muito mais importante” um reforço do policiamento para combater o problema da droga.
“É evidente que isto não é um estado policial – também não o defendo -, mas não vemos um polícia de giro como se via antigamente na rua”, reclamou António Revés, defendendo que, “se as autoridades quisessem”, o problema da droga já estava resolvido.
O comerciante da loja de ferragens recusa aceitar que se acabe com a privacidade da população devido à instalação de videovigilância, mas admite que a medida até pode ter um impacto positivo.
“Temos que acabar com a droga, porque é um mal para a sociedade, não é só por causa do turismo, mas também dá uma imagem errada do que se passa no país, porque isto não é uma sala de chuto coletiva”, expressou o comerciante António Revés.
Já o gerente da casa de apostas no n.º 9 desta avenida, Fernando Marques, advogou que “bastava que a polícia viesse de vez em quando” patrulhar a zona, considerando que “não é preciso atitudes violentas, nem drásticas, basta aparecer”.
“Todos sabemos onde é que estão localizados os vendedores de droga na avenida e, enfim, não percebemos muito bem porque é que as autoridades não agem em conformidade”, criticou Fernando Marques, expressando que o problema “é inconveniente e é feio, ainda por cima, numa zona turística”.
Apesar de defender o reforço do policiamento para a Avenida Almirante Reis, o gerente da casa de apostas está “inteiramente” de acordo com a instalação de câmaras de videovigilância.
A nível comercial, Fernando Marques “não sofre” com o problema da droga, uma vez que “90% são clientes habituais e estão habituados a lidar com a situação”.
O problema do tráfico e consumo de estupefacientes na Avenida Almirante Reis e nas ruas adjacentes é “muito antigo”, mas “atualmente não é tão grave”, avançou Fernando Marques, referindo que “são restos” de uma atividade que “já foi gravíssima” no Intendente, zona onde se situa esta avenida.
Há 44 anos a trabalhar na Avenida Almirante Reis, o proprietário da marisqueira do n.º 27, Joaquim Pereira, afirmou que o problema da droga “está cada vez mais a prejudicar os comerciantes”, apontando que “é muito insuficiente” o policiamento que existe atualmente na zona.
“Além das câmaras [de videovigilância] que vão meter, a polícia ajudaria muito”, defendeu Joaquim Pereira, acrescentando que a presença policial permitiria “desviar” os traficantes e os consumidores de droga.
Neste sentido, propõe que a instalação de videovigilância seja complementar com um aumento dos elementos policiais na avenida, sustentando que as duas medidas “em conjunto é muito melhor”.
A Avenida Almirante Reis está localizada nas freguesias de Arroios e Areeiro, mas o problema da droga incide sobretudo no lado de Arroios, nomeadamente na zona do Intendente.
Em declarações à Lusa, a presidente da Junta de Freguesia de Arroios, Margarida Martins (PS), disse que a instalação de videovigilância é uma reivindicação dos fregueses, considerando que a medida “é importante” para que as pessoas se sintam em segurança.
Segundo a autarca, o tráfico e consumo de droga na Avenida Almirante Reis e ruas adjacentes “afeta bastante a população” e o policiamento existente “é manifestamente insuficiente”.
Já o presidente da Junta de Freguesia do Areeiro, Fernando Braamcamp (PSD), declarou à Lusa que “todas as medidas são bem-vindas para erradicar” o problema da droga.
“Sabemos que há casos isolados de consumo e de tráfico, mas genericamente não temos esse problema. De qualquer maneira, a videovigilância serve para tudo, não serve só para essa situação”, afirmou o autarca.
Em 30 de maio, a Assembleia Municipal de Lisboa aprovou uma recomendação para a instalação, a curto prazo, de câmaras de videovigilância na Avenida Almirante Reis e ruas adjacentes, com PAN, PCP, PEV e BE a apontarem críticas a esta medida.
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