Realizado pelo Centro Interdisciplinar de Ciências Sociais da Universidade Nova de Lisboa, a “Inquirição aos munícipes e agentes da cidade de Lisboa: qualidade de vida e governação urbana” foi hoje apresentada em Lisboa, no âmbito de uma conferência internacional sobre a reforma administrativa da cidade, processo que está a assinalar quatro anos de implementação.
No caso dos moradores, os inquiridos estão mais satisfeitos com aspetos como a oferta e qualidade de cafés, restaurantes e esplanadas e de comércio e serviços (89,7%), a oferta e qualidade de espaços públicos como praças e largos (89,2%), a oferta e qualidade de espaços verdes (85,6%) e a oferta e qualidade de atividades culturais e de lazer (81,8%), indica o sumário executivo do estudo, a que a agência Lusa teve acesso.
Por seu lado, os principais aspetos de insatisfação em relação à cidade são o trânsito (58,5%), o estacionamento (53,7%) e o preço e a disponibilidade da habitação (42,3%).
“Destacam-se também os indicadores ‘Oportunidades de emprego’ e ‘Obras no espaço público’, com os quais a maioria de inquiridos está satisfeito, mas que apresentam percentagens de insatisfação elevadas, com 36% e 32,7%, respetivamente”, refere o documento.
Também avaliadas foram a satisfação e o descontentamento em relação a estes aspetos dentro de cada bairro, mas os resultados foram semelhantes aos verificados quanto à cidade.
“A perceção de insatisfação, quer no bairro, quer na cidade, é mais elevada nos itens mais próximos dos inquiridos, ou seja, aqueles que têm uma influência mais direta nas condições materiais de existência – como as oportunidades de emprego e a disponibilidade da habitação – e na gestão do quotidiano – como o estacionamento e o trânsito”, assinalam os investigadores do estudo no sumário executivo.
Pela negativa, destacam também “as obras no espaço público, que influem em certa medida na gestão do trânsito e do estacionamento”, isto no que toca à cidade.
“Colocamos a hipótese de a avaliação dos restantes itens resultar menos severa, não apenas por um melhor desempenho e gestão urbana nas áreas associadas, mas também por não serem tão cruciais para o funcionamento quotidiano de um ponto de vista funcional”, justificam.
No que toca às “áreas em que os inquiridos consideram que é mais urgente intervir” destacam-se a higiene urbana (limpeza das ruas e dos espaços verdes e a gestão do lixo) e a manutenção dos espaços públicos (como ruas, estradas, praças e equipamentos urbanos).
Outras sugestões dos munícipes prendem-se com a melhoria do estacionamento, dos transportes públicos, dos espaços verdes, da segurança, dos equipamentos de proximidade e do apoio social.
Para este estudo, foram abrangidos 2.502 residentes com mais de 15 anos. Os inquéritos foram feitos porta a porta em dezembro passado.
Neste período, foram também ouvidas 114 associações em oito ‘focus groups’.
Entre outros problemas, estas entidades criticaram a “atuação da Câmara Municipal” no que toca à habitação, apontaram a “necessidade de melhorar as condições de circulação em transportes públicos” e notaram os “problemas que a atividade turística gerou”.
Falando à Lusa à margem do encontro, que decorreu no Fórum Lisboa, o vice-presidente da autarquia afirmou que os resultados “são muito intuitivos e não surpreenderam” o executivo.
“Até vão em linha do que temos desenvolvido”, adiantou Duarte Cordeiro (PS), aludindo ao Programa Renda Acessível, à transferência para o município da rodoviária Carris e ainda a promoção que está a ser feita do emprego qualificado.
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