“A Porto Santo Line iniciou hoje a sua operação, após paragem para uma grande intervenção de manutenção que este ano representou um investimento superior a 1,5 milhões de euros e que foi assente em três vertentes – segurança dos passageiros, proteção ambiental e plano de manutenção – contando com aproximadamente 70 passageiros e 40 viaturas para o Porto Santo e 60 passageiros e 34 viaturas para o Funchal”, revelou à agência Lusa o diretor-geral da empresa, Rui Gouveia.
Para o administrador da empresa, “o atual enquadramento é muito difícil para a Porto Santo Line e as perspetivas são muito desanimadoras”.
Em 2020, realçou, “a empresa perdeu praticamente um terço dos seus passageiros, tendo passado de 356.664 passageiros em 2019 para 243.374 em 2020″.
“É preciso recuar 18 anos para termos um número tão baixo de passageiros transportados num ano, nunca este Lobo Marinho transportou tão poucos passageiros num só ano”, acrescentou.
Consequentemente, adiantou, “só em 2020 a Porto Santo Line registou uma quebra nas suas vendas de mais de três milhões de euros”.
“Ora, tendo em consideração que os custos da empresa são praticamente todos fixos [tripulantes, navio, combustível], facilmente se percebe que esta quebra de faturação se transmite de imediato e diretamente em prejuízos para a empresa. Estamos a falar de uma operação com os custos totais anuais muito elevados – cerca de 10 milhões de euros – e que se traduzem num custo diário do Lobo Marinho de 25.000 euros com o navio parado e 30.000 euros/dia com o navio a navegar”, observou.
Para este ano, com a pandemia de covid-19 e o confinamento generalizado, além das medidas restritivas que obrigam os passageiros a ter um teste PCR de despiste da infeção por SARS-CoV-2 com resultado negativo, Rui Gouveia antecipou que a procura volte a ser muito baixa.
“As expectativas, de facto, não poderiam ser mais desfavoráveis, sendo que as perspetivas para 2021 são a de um ano novamente muito difícil”, disse, lembrando também que a ligação de passageiros e mercadorias entre a Madeira e o Porto Santo é “uma linha de serviço público, com obrigações de serviço público e sem quaisquer indemnizações compensatórias, quer da Região Autónoma da Madeira, quer do Estado português”.
Em 18 de fevereiro, o Conselho de Governo determinou a obrigatoriedade dos viajantes que embarquem no Porto do Funchal com destino à Ilha do Porto Santo serem portadores de teste PCR de despiste da infeção por SARS-CoV-2 com resultado negativo, realizado no período máximo de 72 horas anteriores ao embarque.
Existem, contudo, alguma exceções à obrigatoriedade da apresentação do teste, nomeadamente às crianças até aos onze anos de idade e viajantes residentes no Porto Santo e que regressem à ilha no prazo de sete dias, mediante apresentação da Declaração da Autoridade de Saúde do Porto Santo.
Estão também incluídos nas exceções, viajantes com documento médico que certifique que estão recuperados da doença covid-19, emitido nos últimos 90 dias, ou de documento que certifique que foram vacinados contra a covid-19.
O navio Ro-Ro Cargo Lobo Marinho, propriedade do armador Porto Santo Line, é responsável, desde junho de 2003, pelo transporte de passageiros, carga e viaturas entre as ilhas da Madeira e do Porto Santo.
O “Lobo Marinho” tem 112 metros de comprimento, capacidade para 1.153 passageiros e 145 viaturas e 21 nós de velocidade máxima, fazendo o percurso em duas horas e meia.
O navio esteve cerca de dois meses, entre janeiro e fevereiro, sem realizar a sua frequência diária inter-ilhas devido à operação de manutenção anual em doca seca no estaleiro de Viana do Castelo e à obrigatoriedade da tripulação ficar 14 dias em confinamento profilático na sequência da sua permanência no continente.
Segundo os dados de domingo da Direção Regional da Saúde sobre a situação epidemiológica da covid-19 no arquipélago, a Madeira regista 7.238 casos da doença desde 16 de março de 2020, dos quais 5.908 estão já recuperados e 1.266 encontram-se ativos.
Desde o início da pandemia já foram reportados 64 óbitos associados à doença.
Por distribuição de concelhos, no Porto Santo, e também até domingo, a ilha regista 72 casos confirmados de covid-19, 71 recuperados e um óbito.
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