O Rui Uíma é o principal curso fluvial do concelho de Santa Maria da Feira que desagua em Vila Nova de Gaia e tem sido alvo de esforços de reabilitação nos últimos anos.
O objetivo é recuperar este afluente do Rio Douro da crise ambiental causada pelas descargas poluentes que mataram muita da vida que por ali havia.
Ao todo, são 35 quilómetros que nascem no lugar de Duas Igrejas, em Santa Maria da Feira, e vai desaguar a jusante da barragem de Crestuma-Lever.
Uma prova de que esse trabalho está a dar frutos foi a presença de uma lontra, que foi captada em vídeo por técnicos da Águas de Gaia e partilhada na página de Facebook da empresa municipal na quinta-feira.
Para Miguel Lemos, presidente do concelho de administração da empresa, este “é um sinal de recuperação das espécies, do reequilíbrio dos ecossistemas e de que a água do rio está despoluída”.
Além deste mamífero, “tem-se observado um retomar das espécies, algumas até autóctones daquela zona, a maior parte peixes, mas também aves”.
Em declarações à Lusa, o responsável destacou a importância dos investimentos de Vila Nova de Gaia nas Estações de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) de Lever e de Crestuma, mas também a “colaboração entre Santa Maria da Feira e Vila Nova de Gaia num projeto comum de reabilitação deste rio, de margens e de ecossistemas, tudo através de processos de engenharia natural”.
Os municípios estão “há cerca de três, quatro anos a trabalhar num projeto comum para transformar aquelas zonas em zonas de fruição pública”, com trilhos, espaços e lazer e espaços para as famílias, adiantou.
Decorre também o período de aprovação de candidaturas ao Fundo Ambiental em que as duas autarquias, de forma “autónoma, mas coordenada”, se propõem a uma “dotação financeira para monitorização da qualidade da água e biodiversidade”, respondendo a uma recomendação da Agência Portuguesa do Ambiente (APA).
Para dar cobertura a esse intento, foi planeada uma “vertente mais tecnológica, com um conjunto de sensores ao longo do rio, que vai estar a monitorizar, de forma constante e em tempo real, a qualidade da água, alterações que possam existir e descargas ilegais”, permitindo, “não só tomar medidas de prevenção, como ir monitorizando e ter um histórico da qualidade da água”.
“A tecnologia é muito útil, mas nada melhor do que a presença de espécies que há muito não escolhiam aqueles locais para viver e, se agora escolhem, é sinal de que as coisas estão a melhorar bastante”, frisou Miguel Lemos.
O presidente da Águas de Gaia realçou “o trabalho que tem vindo a ser feito nos últimos anos em todo o concelho na reabilitação das linhas de água”, com um esforço de desentubamento de rios e ribeiras, bem como, no caso concreto do Rio Uíma, a “total parceria e sintonia entre os dois municípios” que aquele curso atravessa.
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