“Bolsonaro quer criar uma confusão como Trump fez nos EUA. Quer criar suspeitas onde não tem. Está tentando enganar o povo para justificar uma bobagem qualquer”, escreveu o antigo Presidente brasileiro no Twitter.

Lula da Silva frisou ainda que Bolsonaro “não está com medo da urna eletrónica, está com medo do povo brasileiro”.

O candidato do Partido dos Trabalhadores junta-se assim a vários analistas, instituições e organizações que denunciam o facto de Jair Bolsonaro estar a inflamar a base de apoio e a criar bases para ‘uma invasão do Capitólio’, como aconteceu nos Estados Unidos.

Estas declarações surgem um dia depois de Jair Bolsonaro ter recebido mais de 40 embaixadores estrangeiros em Brasília e de ter lançado dúvidas em relação às eletrónicas, considerando ainda ter havido falhas nas eleições presidenciais de 2014 e 2018, na última das quais saiu vencedor.

Várias personalidades brasileiras, entre as quais o presidente do Tribunal Supremo Eleitoral (TSE), o presidente do Senado e vários candidatos presidenciais insurgiram-se contra estas insinuações, sem provas, lançadas pelo Presidente brasileiro, a menos de três meses das eleições presidenciais no gigante sul-americano.

“Neste dia 18 de julho diversas inverdades estão sendo mais uma vez assacadas contra a Justiça eleitoral”, disse o presidente do TSE, Edson Fachin, acrescentando haver “um inaceitável negacionismo eleitoral por parte de uma personalidade pública importante dentro de um país democrático e é muito grave a acusação de fraude, de má-fé, a uma instituição, sem apresentar prova alguma”.

Também o presidente do Senado brasileiro reagiu momentos após o término da reunião dizendo que a segurança das urnas eletrónicas “não podem mais ser colocadas em dúvida”.

Os candidatos presidenciais Simone Tebet e Ciro Gomes também reagiram, com a senadora a denunciar que Bolsonaro “convocou embaixadores e utilizou de meios oficiais e públicos para desacreditar mais uma vez o sistema eleitoral brasileiro” e com Ciro Gomes a declarar que “depois do horrendo espetáculo promovido por Bolsonaro, ele não pode ser mais presidente de uma das maiores democracia do mundo ou o Brasil não pode mais se dizer integrante do grupo de países democráticos”.

Parlamentares de oposição ao Governo brasileiro já pediram que o Supremo Tribunal Federal (STF) investigue o Jair Bolsonaro, já que, segundo estes responsáveis brasileiros, foram cometidos durante a reunião crimes contra o Estado, improbidade administrativa, propaganda eleitoral antecipada e abuso dos poderes político e económico.

O Brasil realiza eleições em outubro e Jair Bolsonaro, que aspira a renovar o seu mandato, está a liderar uma campanha para desacreditar as urnas eletrónicas, que têm sido utilizadas no país desde 1996 e não foram até agora objeto de uma única queixa de fraude.

Na sua apresentação aos diplomatas, o Presidente brasileiro insistiu que as eleições de 2018 “não foram totalmente transparentes”, que a investigação do que aconteceu nesse ano “não foi concluída” e que o sistema de votação brasileiro “não é auditável”.

Citou também alegadas irregularidades em 2014, quando a então presidente Dilma Rousseff foi reeleita por uma margem de três pontos percentuais contra o social-democrata Aécio Neves.

“Em 2014 também houve uma dúvida grave, quem ganhou as eleições? Foi também bastante curioso”, disse.

O líder brasileiro reiterou também as suas críticas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), citando que alguns dos seus membros são também membros do Supremo Tribunal e “devolveram direitos políticos” ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o favorito a vencer as eleições de outubro.

Bolsonaro também insinuou mais uma vez que alguns dos membros do sistema de justiça eleitoral e do Supremo Tribunal têm “ligações claras” com “a esquerda”.

O Presidente está há vários meses em guerra aberta com o TSE e mais precisamente com o seu presidente, Edson Fachin.