“A omissão do Conselho de Segurança tem sido ela própria uma ameaça à paz e à segurança internacional. O uso indiscriminado do veto torna o órgão refém dos cinco membros permanentes”, afirmou o chefe de Estado brasileiro, durante a abertura da sessão de líderes sobre a reforma das instituições internacionais.

“A estabilidade mundial depende de instituições mais representativas. A pluralidade de vozes funciona como vetor de equilíbrio”, sublinhou.

O chefe de Estado brasileiro defendeu ser necessário rever regras e políticas financeiras que, na sua opinião, “afetam desproporcionalmente os países em desenvolvimento”.

“O serviço da dívida externa de países africanos é maior que os recursos de que eles dispõem para financiar sua infraestrutura, saúde e educação”, criticou Lula da Silva.

Dessa forma, Lula da Silva voltou a apelar para a criação de um imposto global para os super-ricos, citando dados encomendados pelo Governo brasileiro ao economista francês Gabriel Zucmane, os quais indicam que, se os cerca de 3.300 bilionários do mundo pagassem o equivalente a 2% da sua riqueza em impostos, poderiam ser arrecadados anualmente entre 200 e 250 mil milhões de dólares.

O Presidente do Brasil recordou a crise financeira mundial de 2008, afirmando que “o ímpeto reformador foi insuficiente para corrigir os excessos da desregulação dos mercados e a apologia do Estado mínimo”.

“Naquele momento, escolheu-se salvar bancos em vez de ajudar pessoas. Optou-se por socorrer o setor privado em vez de fortalecer o Estado. Decidiu-se priorizar economias centrais em vez de apoiar países em desenvolvimento”, criticou.

“A globalização neoliberal fracassou”, disse, apelando uma vez mais para a alteração das instituições internacionais.

Lula da Silva tem reivindicado a presença de países do chamado Sul Global no Conselho de Segurança da ONU e reformas das instituições financeiras como o Banco Mundial, Fundo Monetário Internacional e Organização Mundial do Comércio (OMC).

Para além dos representantes dos países membros plenos do grupo, mais a União Europeia e a União Africana, no Rio de Janeiro encontram-se representantes de 55 países ou organizações internacionais, entre os quais Portugal – país convidado pelo Brasil -, representado pelo primeiro-ministro, Luís Montenegro, Angola, representado pelo seu Presidente, João Lourenço, e a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa.

O G20 é constituído pelas principais economias do mundo. A presidência do Brasil termina no final do mês, passando em dezembro para a África do Sul.