“Se Bolsonaro não acredita na eficácia da vacina, ele que não tome. Mas o papel de um Presidente da República é possibilitar que o povo tenha a vacina à sua disposição”, escreveu o líder socialista numa publicação nas redes sociais.
A declaração de Lula surge depois de Bolsonaro ter dito, na quarta-feira, que o seu Governo não iria comprar a vacina Coronavac, contra a covid-19, desenvolvida pela empresa chinesa Sinovac, referindo-se também à decisão do Presidente de rejeitar a vacinação obrigatória no Brasil.
Bolsonaro vetou a vacina chinesa, uma das testadas no Brasil, alegando que o Governo não poderia comprometer-se a comprar uma vacina cuja eficácia e segurança não tenham sido previamente comprovadas pelo Ministério da Saúde ou certificadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Por outro lado, o Governo comprou 100 milhões de doses da vacina que está a ser desenvolvida pela Universidade de Oxford e pelo laboratório AstraZeneca.
A Coronavac é testada desde julho em São Paulo e noutros estados numa parceria da Sinovac com o Instituto Butantan, órgão ligado ao governo regional de São Paulo.
O governo ‘paulista’ já comprou 60 milhões de doses da Coronavac e sempre defendeu que a vacina fosse distribuída pelo Governo central no Sistema Único de Saúde (SUS).
Se a vacina chinesa comprovar a sua eficácia, será também fabricada no Brasil, pelo Instituto Butantan.
“Se a sociedade, os partidos e os parlamentares, precisavam de um motivo para discutir o ‘impeachment’ [destituição], Bolsonaro acaba de cometer um crime contra a nação ao dizer que não vai comprar a vacina e desrespeitar um instituto da seriedade do Butantan e toda a comunidade científica”, acrescentou Lula, que considerou a decisão do atual Presidente como “a maior irresponsabilidade” que já viu por parte de um chefe de Estado.
Numa entrevista realizada na noite de quarta-feira, Bolsonaro deixou claro que o Governo brasileiro não pretende comprar a vacina chinesa, mesmo que esta seja aprovada pela Anvisa, mostrando desconfiança devido “à sua origem”.
Bolsonaro reiterou que o seu executivo não vai decretar a obrigação da vacinação a nível federal e criticou o governador de São Paulo, João Doria, por ter dito que poderia impor essa obrigação.
“É uma decisão ditatorial”, disse Bolsonaro.
O Brasil é o país lusófono mais afetado pela pandemia e um dos mais atingidos no mundo, ao contabilizar o segundo número de mortos (quase 5,3 milhões de casos e 155.403 óbitos), depois dos Estados Unidos.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 1,1 milhões de mortos e mais de 41,3 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
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