A audição de Lula da Silva foi realizada à porta fechada e sem transmissão pela televisão, duas decisões do juiz Sérgio Moro e pelas autoridades da cidade de Curitiba, no Estado do Paraná, sudeste do país, preocupadas com a possibilidade de se gerarem casos de violência.
A televisão Globo News mostrou imagens do antigo Presidente a chegar a tribunal, num carro preto e com escolta policial, enquanto milhares de seguidores, tanto de Lula da Silva como do juiz Sérgio Moro, estavam separados por alguns quilómetros, sob olhar atento da polícia de intervenção, que controla vários quarteirões na zona do tribunal federal.
“O político mais popular do Brasil nos últimos 30 anos está perante um juiz federal, como qualquer outro cidadão”, disse Maurício Santoro, um especialista em Ciência Política da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, sublinhando que “isso é muito raro na política brasileira”.
Lula da Silva foi Presidente do Brasil entre 2003 e 2010 e compareceu em tribunal para responder às alegações de que recebeu um apartamento de luxo de uma construtora brasileira.
Mas o antigo presidente nega esta versão, assim como outras que lhe são imputados no âmbito do caso de corrupção conhecido por Lava Jato.
A audiência realizou-se depois da defesa ter tentado por várias vezes adiar o procedimento judicial de hoje, mas o último recurso que apresentou, para o Supremo Tribunal Federal, a mais alta instância da justiça brasileira, foi rejeitado apenas uma hora antes do início da sessão.
A defesa de Lula da Silva argumentou que precisava de mais tempo para analisar o caso, mas os opositores ao antigo Presidente consideram que o objetivo dessa atuação era apenas dilatório.
Lula da Silva é apontado como possível candidato às eleições presidenciais de 2018 e lidera as intenções de voto nas sondagens, mas em caso de haver uma condenação pode ficar impedido de concorrer a um novo mandato.
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