“Vamos acabar com o garimpo [mineração] ilegal”, disse Lula da Silva durante uma conferência com jornalistas estrangeiros, na qual prometeu trabalhar para travar a destruição da floresta amazónica, que se acelerou no Governo do Presidente Jair Bolsonaro.

Lula também considerou que “não é preciso derrubar uma árvore” na Amazónia para plantar soja ou milho, ou para criar gado, atividades cuja expansão na região amazónica foi promovida por Bolsonaro, principal rival nas eleições de 02 de outubro.

Entre as medidas que vai promover para proteger a floresta, o ex-presidente afirmou que criará um ministério dos Povos Originários e prometeu recuperar todas as instituições ou instrumentos que foram criados para combater a desflorestação que considera terem sido desmantelados pelo Governo de Jair Bolsonaro, que defende a exploração dos recursos naturais da Amazónia, mesmo em reservas indígenas onde estas atividades são proibidas por lei.

Lula da Silva também assegurou que para proteger a floresta amazónica será necessário colaborar com os países vizinhos e “construir associações internacionais”, embora tenha enfatizado que o Brasil é soberano na floresta amazónica que está no seu território.

A devastação da Amazónia brasileira cresceu consideravelmente nos últimos quatro anos, facto que os ambientalistas atribuem à falta de controlo e fiscalização do Governo Bolsonaro para coibir a mineração ilegal, o comércio ilegal de madeira ou a pesca irregular.

A destruição da floresta no Brasil tem sido apontada como principal entrave para a aprovação nos países-membros da União Europeia de um acordo económico final com o Mercosul (bloco formado por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai).

Sobre este acordo, Lula da Silva disse considerar que não é válido e precisaria ser negociado novamente.

O ex-presidente brasileiro disse que o acordo, assinado em 2019, “não é válido porque não foi totalmente implementado”, pois ainda não foi ratificado pelos países signatários.

“O Brasil não é obrigado a aceitar um acordo que não respeite o que o Brasil precisa”, destacou Lula da Silva aos correspondentes estrangeiros.

O ex-presidente rejeitou os termos desse acordo comercial, argumentando que não promove a reindustrialização do Brasil e ressaltando que o país “não pode abrir mão das compras governamentais.”

O candidato do Partido dos Trabalhadores (PT) disse que o Brasil se desindustrializou nos últimos anos e garantiu que pretende reverter essa tendência se vencer as eleições de 02 de outubro.

As negociações comerciais, destacou Lula da Silva, devem servir para que ambos os lados ganhem e “estabeleçam uma relação mais civilizada” entre a União Europeia (UE) e os países do Mercosul.

O acordo comercial entre o Mercosul e a UE foi assinado em 2019, após mais de duas décadas de negociações, durante o Governo do Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, rival de Lula nas eleições de outubro.

Vários países europeus não ratificaram o acordo citando preocupações com os compromissos ambientais dos países sul-americanos.