Em declarações à agência Lusa, Rui Tavares referiu que “as pessoas sentem que o Livre faz falta no boletim de voto”, conhecem o trabalho feito na Assembleia da República e “querem ver o mesmo tipo de atitude na Assembleia Legislativa Regional”.
“E, portanto, sim, claro que a expectativa é eleger e contribuir para uma mudança de progresso e de ecologia na Madeira”, declarou o dirigente, que falava numa ação de campanha no Miradouro da Eira do Serrado, na freguesia do Curral das Freiras, no interior do concelho de Câmara de Lobos.
A candidatura do Livre às regionais, encabeçada por Marta Sofia, escolheu aquela freguesia, um ponto de atração turístico, para abordar o projeto de construção de um sistema de teleféricos e de um parque aventura, entretanto suspenso, e com o qual o partido não concorda.
Rui Tavares disse que, “na Madeira, como no todo nacional, existe um modelo de desenvolvimento baseado na excessiva proximidade entre o poder político e o poder económico, com opacidade no gasto de dinheiros públicos, que depois gera vícios”.
Como exemplo, indicou o projeto do teleférico, que tem gerado polémica, apontando que o Governo Regional criou “factos consumados” que depois fazem com que se questione: “Se voltarmos atrás, vamos ter de pagar a privados?”.
“Isto gera muito dinheiro fácil para poucos e às vezes pouco desenvolvimento económico para os muitos que dele precisam”, acrescentou.
O também deputado na Assembleia da República realçou ainda que a Madeira vive há 48 anos num “regime que é praticamente de partido único” (o PSD), reforçando que “faz com que seja muito necessário uma mudança no sentido de progresso, democracia, mais transparência, mais responsabilização”.
“E, para isso, o voto no Livre é um voto decisivo, um voto no Livre contribui para essa mudança e para garantir que essa mudança é para valer”, vincou.
O partido, sublinhou, está preparado para fazer uma “oposição franca, leal, honesta, respeitosa e educada, mas vigorosa”, caso seja esse o cenário.
O Livre concorreu pela primeira vez nas eleições regionais da Madeira em setembro de 2023, mas não conseguiu mandatos, com 0,65% dos votos.
As legislativas da Madeira decorrem em 26 de maio, com 14 candidaturas a disputar os 47 lugares no parlamento regional, num círculo eleitoral único: ADN, BE, PS, Livre, IL, RIR, CDU (PCP/PEV), Chega, CDS-PP, MPT, PSD, PAN, PTP e JPP.
As eleições antecipadas ocorrem oito meses após as mais recentes legislativas regionais, depois de o Presidente da República ter dissolvido o parlamento madeirense, na sequência da crise política desencadeada em janeiro, quando o líder do Governo Regional (PSD/CDS-PP), Miguel Albuquerque, foi constituído arguido num processo em que são investigadas suspeitas de corrupção.
O contrato para a construção de um sistema de teleféricos no Curral das Freiras (válido por 50 anos) foi suspenso devido à queda executivo, mas a empresa concessionária, a Madeira Skypark Adventure, indicou em março que o projeto, de 47 milhões de euros, nunca parou.
Os promotores asseguraram não ver “nenhuma razão para que o projeto não seja concretizado nem colocam essa hipótese, visto que o contrato foi suspenso, não cancelado”.
Nas regionais de 2023, a coligação PSD/CDS venceu sem maioria absoluta e elegeu 23 deputados. O PS conseguiu 11, o JPP cinco o Chega quatro, enquanto a CDU, a IL, o PAN (que assinou um acordo de incidência parlamentar com os sociais-democratas) e o BE obtiveram um mandato cada.
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