A ministra da Defesa, Margarita Robles, fez o anúncio da decisão em conferência de imprensa, insistindo tratar-se de uma “substituição” e não de uma “demissão”.
“É a substituição de uma funcionária do Centro [Nacional de Informação (CNI)] por outra”, concluiu.
A decisão foi tomada depois da polémica causada pelo chamado caso Pegasus em que foram realizadas alegadas escutas a líderes independentistas catalães, assim como a membros do Governo central espanhol, entre os quais o primeiro-ministro, o socialista Pedro Sánchez.
E acontece horas depois da imprensa espanhola ter avançado, com base em fontes governamentais, que Paz Esteban – a primeira mulher à frente da ‘secreta’ espanhola e a única diretora com uma carreira na “casa” que estava no cargo há pouco mais de dois anos – tinha sido afastada como consequência da polémica.
O líder da principal formação da oposição, Alberto Núñez Feijóo, do Partido Popular (direita), reagiu à “substituição” acusando Pedro Sánchez de “enfraquecer o Estado” ao consumar o “absurdo” e oferecer “a cabeça” da ex-diretora do CNI, Paz Esteban, aos independentistas para assim assegurar a sua sobrevivência política.
Por seu lado, o presidente da Esquerda Republicana da Catalunha (ERC, independentista), Oriol Junqueras, exigiu “máxima transparência” e “máximas garantias” de que a espionagem dos políticos a favor da independência não se “reproduza”, considerando que é “normal” que as responsabilidades sejam assumidas.
A ministra da Defesa, Margarita Robles, que os independentistas também pediram para ser demitida, assegurou que tem “a plena confiança” de Pedro Sánchez, de quem “sempre encontrou apoio e continuará a encontrá-lo”.
Entretanto, o chefe do Governo espanhol vai comparecer no parlamento na semana de 25 de maio para prestar esclarecimentos sobre o caso Pegasus, no seguimento de um pedido dos partidos independentistas catalães, mas também do PP, do Vox (extrema-direita) e dos Cidadãos (direita liberal).
Paz Esteban tinha sido chamada na passada quinta-feira a uma comissão parlamentar para esclarecer os alegados atos de espionagem que visaram dezenas de políticos pró-independência, bem como o primeiro-ministro e a ministra da Defesa.
Na ocasião, a responsável mostrou as autorizações judiciais que permitiram a espionagem de cerca de vinte políticos pró-independência da região da Catalunha.
O movimento a favor da independência da Catalunha pedia há várias semanas a demissão da ministra da Defesa que considerava ser a principal responsável pela alegada espionagem de dezenas dos seus líderes.
O caso Pegasus foi revelado por um relatório do grupo Citizen Lab, relacionado com a Universidade de Toronto (Canadá), que indicava que pelo menos 65 ativistas catalães foram espiados entre 2017 e 2020, estando entre os visados o atual presidente regional catalão, Pere Aragonés (que era vice-presidente da região na altura), os antigos presidentes regionais Quim Torra e Artur Mas, assim como deputados europeus, deputados regionais e membros de organizações cívicas pró-independência.
No início da semana passada, o executivo espanhol apresentou uma queixa no tribunal Audiência Nacional por alegada espionagem dos telemóveis do primeiro-ministro e da ministra da Defesa, apesar dos factos terem ocorrido em 2021.
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