“Alguns dirigentes conspiraram para que não lhe fosse dado o título, todos sabemos quais dirigentes conspiraram para que José Gregório não tenha durante muito tempo o seu título de santo no Vaticano”, disse Nicolás Maduro, num evento realizado em Caracas, transmitido pelo canal estatal VTV, sem especificar quem são esses líderes.
No entanto, continuou o chefe de Estado, “felizmente” o Papa Francisco “ama José Gregorio e apoia o povo da Venezuela”.
“Sei muito mais do que posso dizer, mas, por prudência do Vaticano, devo permanecer em silêncio”, acrescentou o Presidente.
Em 03 de junho, Maduro disse que o Papa Francisco aprovou a canonização de Hernández, uma informação “não oficial”, acerca da qual pediu aos venezuelanos para que esperassem que o Vaticano “oficializasse”, e afirmou ter um vídeo que confirmava a notícia, embora não tenha depois dado detalhes sobre o assunto.
Recentemente, “diante de rumores infundados” que circularam nas redes sociais, a Arquidiocese de Caracas emitiu um comunicado para desmentir “toda a informação de que já está anunciada a canonização” do médico, que viveu entre 1864 e 1919, quando foi morto por um dos primeiros carros que circularam em Caracas.
A Igreja venezuelana, que promove a canonização dos bem-aventurados, insistiu que comunicará a notícia da santificação quando tiver esta informação confirmada pelo Vaticano.
Hernández foi beatificado em abril de 2021, numa cerimónia realizada em Caracas, após a qual se aguarda a confirmação de um segundo milagre que lhe foi atribuído para proceder à sua canonização.
A Conferência Episcopal Venezuelana (CEV) salientou que o processo de beatificação e canonização do “médico dos pobres” começou por iniciativa de Lucas Guillermo Castillo, que em 1949 era arcebispo de Caracas. José Gregório Hernández foi declarado “venerável” em 16 de janeiro de 1986 pelo papa João Paulo II.
O novo beato foi médico, cientista, professor, músico e filantropo, com vocação religiosa. Foi franciscano secular e em cada uma das áreas de trabalho demonstrou “generosidade, caridade, solidariedade e fé em Cristo, com um coração especial para os pobres e desfavorecidos”, salientou a CEV.
Autor de 13 ensaios científicos reconhecidos pela Academia de Medicina da Venezuela, José Gregório Hernández destacou-se no tratamento de doenças como a tuberculose, a pneumonia e a febre amarela, tal como nas áreas da patologia, da bacteriologia, da parasitologia e da fisiologia, tendo descoberto uma nova forma de angina peitoral de origem palúdica.
Foi também um reconhecido professor que falava vários idiomas, incluindo português, espanhol, francês, alemão, inglês, italiano e latim.
De acordo com a imprensa venezuelana, são atribuídos ao “médico dos pobres” mais de 2.100 casos de cura.
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