Os manifestantes, essencialmente reformados, alguns dos quais com dificuldades de locomoção, deslocaram-se à avenida João XXI, onde gritam palavras de ordem contra o fecho da agência bancária.

No local, o presidente da Junta de Freguesia da Ajuda falou à população, criticando a "forma deselegante" como o processo foi conduzido e lembrando que o fecho previsto para segunda-feira foi já hoje consumado.

À Lusa, Jorge Marques explicou que, depois de a Caixa Geral de Depósitos ter anunciado o encerramento da sua agência na Ajuda, esta autarquia promoveu uma série de iniciativas para impedir a concretização do fecho, "altamente gravoso para a população".

Cerca de 30% dos 17 mil habitantes da Ajuda, apontou, têm mais de 65 anos e não têm acesso às ferramentas da banca ‘online’.

Segundo Jorge Marques, depois de uma reunião entre a direção do banco e a Junta de Freguesia da Ajuda, e "apesar de ter sido demonstrada uma avaliação incorreta dos vários fatores que estiveram na base da decisão de encerramento, a Caixa Geral de Depósitos mostrou-se inflexível".

"Hoje estamos a dar voz e a organizar o descontentamento que esta população tem pelo fecho, pelo abandono da Caixa da freguesia da Ajuda", disse.

Maria Fernanda Nunes, de 70 anos, “nascida e crescida” na Boa Hora, explicou à Lusa que a dependência que agora fecha "faz muita falta à população".

"A Ajuda está muito velhinha. As pessoas saem de casa no dia das pensões para ir à Caixa levantar as reformas. Tenho duas próteses nos joelhos e desloco-me com muleta. Esta Caixa faz falta como o pão para a boca", disse a participante no protesto.

Também Carminda Silva, de 66 anos, salientou a importância do banco público no bairro, referindo que a doença não permite que se desloque sozinha a qualquer uma das outras opções da Caixa Geral de Depósitos que ficam mais perto de casa.

Jorge Marques considerou que, nesta altura, a população está "refém de uma decisão da Caixa, que se enganou a avaliar" a agência da Ajuda: "Com algum receio de abortar um processo maior, não consegue reconhecer que se enganaram na nossa agência e estão a manter essa decisão"”.

De acordo com o autarca, a população vai continuar "de forma simpática e educada a demonstrar que estão errados".

"Tenho sempre esperança de que quando existe um erro ele seja reposto", frisou Jorge Marques.

O responsável adiantou ainda que, com este fecho, vai retirar da Caixa 2,5 milhões de euros que tem lá depositados.

Jorge Marques lembrou ainda a orografia "muito difícil" da freguesia, que não facilita a rotina da população mais velha.

"Ao deslocar-se da agência que fecha agora até às agências que ficam abertas, em linha reta, não é muita distância, mas é um esforço grande subir a Calçada da Ajuda ou ir até à Luís de Camões. É um esforço por parte da população que se vê que qualquer uma delas não consegue fazer esse caminho", frisou.

A CGD vai fechar cerca de 70 agências este ano, a maioria já este mês, mas não divulgou que dependências estão em causa.

Segundo informações recolhidas pela Lusa nas últimas semanas, entre as agências da CGD que irão fechar estão, entre outras, Darque (Viana do Castelo), Grijó e Arcozelo (Gaia), Pedras Salgadas (Vila Pouca de Aguiar), Prior Velho (Loures), Alhandra (Vila Franca de Xira), Abraveses e Rua Formosa (Viseu), Louriçal (Pombal), Avanca (Estarreja), Desterro (Lamego), Carregado (Alenquer), Colos (Odemira), Alves Roçadas (Vila Real), Nogueira do Cravo (Oliveira de Azeméis), Perafita (Matosinhos), Arazede (Montemor-o-Velho) e Coimbra.

A CGD tinha 587 agências em Portugal no fim de 2017 e quer chegar ao final deste ano com cerca de 517.