A denúncia foi feita pelo ex-candidato presidencial Henrique Capriles, que disse ainda que na cidade de Mérida (760 quilómetros a sudoeste de Caracas) as autoridades permitiram que “pistoleiros e encapuçados”, membros de “grupos armados” simpatizantes do regime, atacassem os manifestantes.
“O Governo deve entender que deve respeitar a Constituição. Não há outra agenda. A nossa agenda é a Constituição. Para sair da crise, a mudança tem de ocorrer de forma pacífica, eleitoral, constitucional, democrática e com o povo mobilizado, exercendo os seus direitos”, vincou.
O também governador do estado de Miranda frisou que a oposição iniciou uma “etapa de protestos, resultado do golpe de Estado” do Conselho Nacional Eleitoral, que suspendeu o processo para convocar o referendo para destituir o Presidente venezuelano, Nicolás Maduro.
Por outro lado, destacou que os venezuelanos “responderam massivamente à tomada da Venezuela”, referindo-se à convocatória para as manifestações de quarta-feira. O Governo “tem de entender que a maioria está na disposição de tomar as ruas” para defender a Constituição, acrescentou. “Se Maduro não reconsiderar, a 3 de novembro vamos todos a Miraflores [Palácio presidencial], exigir que respeite o povo venezuelano”, frisou.
Capriles disse ainda que além dos feridos e detidos, um jovem foi sequestrado por um membro de uma organização de esquerda em Mérida e que no estado de Vargas (norte de Caracas) foi atacada a sede do partido Vontade Popular, da oposição.
O líder da organização não-governamental local Fórum Penal, de defesa dos Direitos Humanos, tinha anteriormente dado conta de mais de 20 feridos e 39 detidos em protestos contra o Governo na Venezuela na quarta-feira.
Por outro lado, o ministro do Interior e Justiça, Nestor Reverol, informou que numa das manifestações em Miranda um polícia morreu e outros dois ficaram feridos.
Para além da jornada de protesto nas ruas convocada para quarta-feira, a oposição venezuelana, reunida na aliança Mesa da Unidade Democrática (MUD), convocou uma greve geral de 12 horas para sexta-feira e uma manifestação junto ao palácio presidencial para 03 de novembro.
A oposição quer realizar um referendo para destituir Maduro ainda este ano e tem acusado o Conselho Nacional Eleitoral de atrasar propositadamente a calendarização das diferentes etapas do processo, para protelar a saída do Presidente do poder.
A 21 de outubro último o CNE adiou, “até nova ordem judicial”, a recolha de assinaturas para a realização do referendo que estava prevista para 26, 27 e 28 de outubro, depois de ter sido anunciado que foram anuladas, por tribunais, as assinaturas recolhidas na fase anterior do processo, correspondentes a 1% dos eleitores.
Se o referendo se realizar até 10 de janeiro de 2017, deverão ser convocadas novas eleições presidenciais, segundo a legislação venezuelana. Depois dessa data, será o vice-presidente em funções a substituir Maduro até ao final da legislatura.
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