“Mais de 14.000 pessoas foram deslocadas no espaço de poucos dias e quase 189.000 outras continuam a viver a menos de 25 quilómetros da fronteira com a Federação Russa”, disse o representante da OMS na Ucrânia, Jarno Habicht.

As pessoas que continuam perto da fronteira enfrentam “riscos significativos em resultado dos combates em curso”, disse Habicht durante uma videoconferência de imprensa a partir de Kiev, citado pela agência francesa AFP.

Habicht disse que os combates na região de Kharkiv aumentaram significativamente nas últimas duas semanas, o que levou à fuga de dezenas de milhares de residentes.

Explicou que os números são os que a OMS dispunha após ter falado com as autoridades locais.

Disse também que algumas das pessoas tinham ido para Kharkiv, a segunda maior cidade da Ucrânia, enquanto outras foram para outros locais.

A ofensiva terrestre lançada pelo exército russo na zona fronteiriça, após uma intensificação dos ataques aéreos, permitiu-lhe obter os maiores ganhos territoriais desde o final de 2022.

Kiev afirma que o avanço russo foi agora interrompido, mas Moscovo nega.

O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) manifestou-se hoje “extremamente preocupado” com o “aumento das necessidades humanitárias e das deslocações forçadas” na sequência da ofensiva russa.

A agência teme que “as condições em Kharkiv, que já alberga cerca de 200.000 pessoas deslocadas internamente, possam tornar-se ainda mais difíceis se a ofensiva terrestre e os ataques aéreos implacáveis continuarem”, disse a porta-voz em Genebra, Shabia Mantoo.

“Isto poderá obrigar muitas pessoas a abandonar Kharkiv por razões de segurança e de sobrevivência e a procurar proteção noutros locais”, acrescentou Mantoo durante a conferência de imprensa.

Segundo o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, o ataque russo lançado em 10 de maio em Kharkiv pode ser a primeira vaga de uma ofensiva mais vasta.

Zelensky tem pedido com insistência aos aliados ocidentais o reforço da defesa aérea, uma necessidade apoiada hoje pela chefe da diplomacia alemã, Annalena Baerbock, ao chegar a Kiev para uma visita não anunciada.

“A situação na Ucrânia voltou a agravar-se dramaticamente com os ataques aéreos russos em massa contra infraestruturas civis e a brutal ofensiva russa na região de Kharkiv”, disse Baerbock.

A Ucrânia “necessita urgentemente de uma defesa aérea reforçada” para se proteger da “chuva de mísseis de ‘drones’ russos”, afirmou, ao chegar a Kiev para a oitava visita ao país desde a invasão russa, em fevereiro de 2022.