“Estamos aqui para exigir aos dirigentes que não toquem na Justiça e deixem cair o seu projeto de reforma”, disse à agência noticiosa francesa AFP um empresário, Marius Constantin, de 49 anos, que se deslocou de Sibiu, no centro da Roménia, para se juntar aos manifestantes concentrados na praça da Universidade, no centro de Bucareste.
“É uma vergonha o que se está a passar: sob o pretexto de melhorar as leis da Justiça, eles introduziram artigos que lhes permitem escapar a possíveis sanções”, sustentou, por seu turno, Amalia, de 77 anos, engenheira reformada.
O parlamento, dominado pelos social-democratas (PSD) aprovou no final de dezembro três propostas de lei que fazem temer uma redução da independência dos magistrados e uma redução das prerrogativas do ministério público anticorrupção, extremamente ativo nos procedimentos contra representantes políticos eleitos suspeitos de corrupção.
O Presidente romeno, Klaus Iohannis, de centro-direita, não indicou se promulgará esses diplomas, já criticados por Bruxelas e Washington.
Estas novas manifestações ocorreramm alguns dias após a demissão forçada do primeiro-ministro social-democrata, Mihai Tudose, e a nomeação de um novo chefe de Governo, a eurodeputada Viorica Dancila, que declarou o seu apoio a tais leis.
“O PSD mostra todos os dias que não é capaz de dirigir este país”, indignou-se Horatiu Buzatu, um empresário de Craiova, no sul.
Brandindo bandeiras tricolores romenas ou cartazes em forma de mão nos quais se lia “Todos pela Justiça”, os manifestantes atravessaram o centro de Bucareste para se concentrarem em frente ao parlamento, gritando “Ladrões!”.
Cerca de 5.000 pessoas manifestaram-se em Cluj (noroeste), outras 5.000 marcaram presença no protesto de Timisoara (oeste) e 3.000 em Iasi (nordeste), segundo a imprensa local.
Num relatório divulgado na quinta-feira, o organismo anticorrupção do Conselho da Europa, o GRECO, recordou que “a profissão dos magistrados se associou amplamente ao movimento de contestação” suscitado por esta reforma.
Uma tentativa de aligeirar o Código Penal tinha já provocado, no inverno passado, uma onda de protestos de dimensões sem precedentes desde a queda do regime comunista, no final de 1989, obrigando o Governo a recuar.
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