A queda do aparelho da companhia aérea etíope, um Boeing 737-8 Max, que matou as 157 pessoas que seguiam a bordo, apresenta semelhanças sensíveis ao incidente de outubro último, com outro Boeing do mesmo modelo pertencente à Lion Air, uma companhia da Indonésia, que matou 189 passageiros e tripulação.

Os dois incidentes levaram um número crescente de países a fechar os respetivos espaços aéreos, assim como de companhias a decidirem imobilizar os novos Boeing (737-8 Max e 737-9 Max).

Os dois novos modelos da Boeing são os atuais campeões de vendas da construtora aeronáutica norte-americana, mas os 376 aparelhos entregues até fevereiro a companhias aéreas e de ‘leasing’ em todo o mundo, é um número ainda relativamente pequeno, quando comparado com um total de 24.400 aeronaves do construtor norte-americano a sobrevoar o planeta em finais de 2017.

Ao grupo de países que seguiram a decisão da autoridade de aviação civil da China, e depois da Etiópia e da Mongólia na segunda-feira, juntaram-se no dia seguinte os 28 membros da União Europeia, entre vários outros países, e ascende agora a 52 o número de capitais que anunciaram o encerramento dos respetivos espaços aéreos ou a imobilização de aparelhos daqueles modelos.

A lista dos países e respetivos argumentos para imobilizarem os modelos Max da Boeing ou fecharem os seus espaços aéreos a estes modelos são os seguintes:

União Europeia:

A Agência Europeia de Segurança Aérea (EASA, na sigla inglesa) determinou na terça-feira o encerramento do espaço aéreo europeu a dois modelos Boeing 737 Max, após o acidente com a aeronave da Ethiopian Airlines.

Em comunicado enviado à Lusa, a EASA sublinhou que, na sequência do acidente envolvendo o Boeing 737-8 MAX, da Ethiopian Airlines, tomou “todas as medidas necessárias para assegurar a segurança dos passageiros”.

“Como medida de precaução, EASA emitiu (…) uma diretiva, efetiva a partir das 19.00 GMT (de 12 de março, mesma hora em Lisboa), suspendendo todos os voos de todos os Boeing 737-8 MAX e 737-9 MAX na Europa”. A EASA emitiu ainda uma Diretiva de Segurança, efetiva à mesma hora, suspendendo “todos os voos comerciais realizados por operadores de países terceiros dentro, ou fora da UE, dos modelos mencionados”.

A decisão abrange a Alemanha, Áustria, Bélgica, Bulgária, Chipre, Croácia, Dinamarca, Eslováquia, Eslovénia, Espanha, Estónia, Finlândia, França, Grécia, Holanda, Hungria, Irlanda, Itália, Letónia, Lituânia, Luxemburgo, Malta, Polónia, Portugal, Reino Unido, República Checa, Roménia e Suécia.

A companhia Tuifly (Alemanha e Reino Unido) que opera com 15 aviões Boeing 737-8 MAX decidiu entretanto suspender a sua utilização, p mesmo acontecendo com as cinco aeronaves da LOT (Polónia).

Resto da Europa:

Islândia:

A companhia Icelandair, que opera três Boeing 737-8 MAX, anunciou na terça-feira que “suspendia temporariamente” a operação com aqueles aparelhos.

Noruega:

A companhia ‘low cost’ norueguesa Air Shutle fez saber na terça-feira que suspendeu os voos dos seus 18 Boeing 737 MAX até nova decisão, a ser tomada pela autoridade reguladora da aviação civil norueguesa, e seguindo medidas semelhantes tomadas por “múltiplas autoridades de aviação”.

Sérvia:

A Sérvia fechou na terça-feira o seu espaço aéreo a todos os Boeing 737 MAX, impedindo ainda a “descolagem e aterragem em todos os seus aeroportos” destes modelos. A autoridade de aviação civil sérvia esclareceu que seguia as diretivas da União Europeia sobre o assunto.

Rússia

A companhia S7 suspendeu o uso das duas aeronaves do modelo 737-8 MAX que tem em operação.

Turquia:

A companhia aérea turca anunciou na terça-feira que suspendia os voos dos 12 Boeing 737 MAX que possui, indicando que os seus aparelhos “deixam de realizar voos comerciais a partir de 13 de março”, “até que sejam esclarecidas as questões de segurança” em torno destas aeronaves.

Resto do Mundo:

Argentina:

A Aerolineas Argentinas anunciou logo na segunda-feira uma ordem de suspensão da operação com os seus cinco Boeing 737-8 MAX, enquanto aguarda pelo resultado das investigações à queda do aparelho da Ethiopian Airlines.

Austrália:

O regulador australiano da aviação civil suspendeu temporariamente na terça-feira os modelos de voarem de e para a Austrália, “enquanto aguarda por mais informação que permita rever os riscos de segurança da operação continuada” com estes aparelhos.

Na altura da decisão, a companhia Fiji Airlines era o único operador de aparelhos Boeing 737 MAX a ser diretamente afetado pela decisão da Austrália, uma vez que a outra companhia a voar de e para o país com aeronaves daqueles modelos — a SilkAir, de Singapura, tinha também imobilizado os respetivos aviões — mas as Ilhas Fiji tomaram pouco depois uma medida semelhante.

Cazaquistão:

A companhia aérea cazaque, SCAT Airlines anunciou na terça-feira a imobilização temporária do Boeing 737-8 MAX que opera.

China:

A autoridade civil chinesa foi a primeira a solicitar, na segunda-feira, às companhias da China que suspendessem os voos do Boeing 737-8 Max até à confirmação das autoridades norte-americanas e da Boeing “das medidas tomadas para garantir efetivamente a segurança dos voos” e depois de sublinhar “semelhanças” identificadas entre os acidentes da Ethiopian Airlines e o da Lion Air, em outubro.

Um total de 76 Boeing 737 MAX foram entregues a uma dúzia de companhias aéreas chinesas, incluindo a Air China, a Hainan Airlines e a Shanghai Airlines.

Coreia do Sul:

O ministério sul-coreano dos Transportes anunciou hoje que os dois Boeing 737 MAX 8 operados pela sua ‘low cost’ Eastar Jet serão imobilizados e a respetiva operação retomada apenas após inspeção.

Egito:

O ministério egípcio dos Transportes anunciou hoje o encerramento do espaço aéreo do país a todos os Boeing 737 MAX, especificando que os modelos da Boeing ficam impedidos de “descolar e de aterrar” nos aeroportos do Egito, por forma a garantir “a segurança dos passageiros”.

Etiópia:

Na Etiópia, após o trágico acidente do voo ET302, no domingo, em que morreram 157 pessoas, a Ethiopian Airlines decidiu imobilizar toda sua frota de Boeing 737 MAX “até novo aviso”, anunciou na segunda-feira a companhia nacional etíope, que operava até agora quatro destes novos modelos da construtora norte-americana de um total de 29 encomendados.

Golfo:

Três estados do Golfo — primeiro Omã e depois Emirados Árabes Unidos e Koweit — anunciaram na terça-feira e hoje o encerramento dos respetivos espaços aéreos e, no caso de Omã, a “suspensão temporária” da operação com os cinco Boeing 737 MAX ao serviço da Oman Air.

Guiné Equatorial:

A Guiné Equatorial anunciou o encerramento do seu espaço aéreo ao Boeing 737-8 MAX.

Índia:

O Governo indiano anunciou hoje a imobilização da sua frota de Boeing 737 MAX, até serem introduzidas nos aparelhos as “modificações apropriadas e medidas de segurança que garantam operações seguras”.

Indonésia:

A Indonésia, onde um Boeing de modelo semelhante ao etíope se despenhou em 29 de outubro de 2018, com 189 pessoas a bordo, anunciou na terça-feira a imobilização dos seus 11 aparelhos Boeing 737-8 MAX e o encerramento do espaço aéreo do país aos dois Boeing 737 MAX.

O país começou a inspecionar estes aviões e os mesmos permanecerão em terra até receberem autorização para voar por parte dos reguladores de segurança.

Dez Boeing 737-8 Max indonésios são operados pela Lion Air e o restante pertence a outra companhia do país, a Garuda.

A Lion Air anunciou a intenção de adiar a receção de mais quatro novos Max 8 prevista para este ano, e está a reavaliar a situação.

Malásia:

A autoridade de aviação civil da Malásia fez hoje saber que nenhuma companhia do país opera os modelos da Boeing em causa, e anunciou a suspensão das operações dos Boeing 737 Max 8 de e para a Malásia, assim como o trânsito do modelo no espaço aéreo do país até nova decisão.

Mongólia:

A autoridade de aviação civil da Mongólia anunciou na segunda-feira através da rede social Facebook que deu indicações à companhia aérea nacional MIAT para imobilizar o seu único Boeing 737 MAX 8.

Namíbia:

A Namíbia fechou os seus aeroportos a toda a série de 737 MAX, assim como encerrou o seu espaço aéreo aos novos modelos da Boeing.

Nova Zelândia:

A autoridade de aviação civil da Nova Zelândia anunciou hoje a imposição “temporária” do encerramento do espaço aéreo do país aos Boeing 737 MAX, após consultas mantidas com outras autoridades congéneres. A decisão do regulador “tomou em consideração o nível de incerteza em relação às causas do acidente recente da Ethiopian Airlines somadas à [sua] avaliação relativa à configuração [técnica] do aparelho”.

De acordo com o regulador neozelandês, apenas a Fiji Airlines voava para Nova Zelândia com os Boeing 737 MAX.

Singapura:

O regulador da aviação civil de Singapura anunciou hoje a “suspenção temporária” a partir das 14:00 (06:00 em Lisboa) “das operações de todas as variantes do avião Boeing 737 MAX de e para Singapura, à luz de dois acidentes fatais envolvendo 737 MAX em menos de cinco meses”.

A SilkAir, o braço regional da Singapore Airlines, opera seis Boeing 737 MAX 8.

Vietname:

O Vietname interditou o seu espaço aéreo a todos os Boeing 737 MAX.

Brasil:

A companhia aérea brasileira GOL suspendeu temporariamente, logo na segunda-feira, o uso dos seus sete aviões Boeing 737-8 MAX, utilizados em voos internacionais de longo curso.

A decisão foi partilhada no ‘site’ da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) brasileira, que anunciou estar a “acompanhar” as notícias do acidente com uma aeronave da Ethiopian Airlines, e de manter “contacto com a empresa fabricante da aeronave, com a autoridade que originalmente a certificou, bem como com a GOL para avaliar as medidas que podem vir a serem adotadas”.

As sete aeronaves do modelo 737-8 MAX da GOL operam, maioritariamente, em rotas para os Estados Unidos, América do Sul e Caraíbas.

Etiópia:

Após o incidente de domingo, a Ethiopian Airlines imobilizou temporariamente os seus restantes quatro Boeing 737-8 MAX.

Emirados Árabes Unidos:

A flyDubai suspendeu o uso das suas 13 aeronaves do modelo 737-8 MAX.

México:

A Aeromexico suspendeu o uso das suas seis aeronaves do modelo 737-8 MAX.

África do Sul:

A Comair

Ilhas Caimão:

A Cayman Airways suspendeu o uso das duas aeronaves do modelo 737-8 MAX que tem em operação.