Um relatório da OIT hoje divulgado mostra que as regiões que não estavam habituadas ao calor extremo enfrentam agora riscos acrescidos, enquanto os trabalhadores em climas já quentes estão sujeitos a condições cada vez mais perigosas.
A nível global, mais de 70% dos trabalhadores foram expostos ao calor excessivo em 2020, um aumento de 8,8% em relação a 2000.
Apesar de esta percentagem ainda permanecer baixa na Europa e Ásia Central (29%), em comparação com África (92,9%), Estados árabes (83,6%), Ásia-Pacífico (74,7%) e Américas (70%), o clima na Europa aqueceu a um ritmo duas vezes mais rápido do que a média global desde a década de 1980, afirmaram a ONU e o programa europeu Copernicus.
Além disso, a Europa e Ásia Central registaram o maior aumento da exposição ao calor excessivo no trabalho entre 2000 e 2020, com a proporção de trabalhadores afetados a aumentar durante este período em 17,3%, quase o dobro do crescimento médio global, de acordo com a OIT.
Segundo os dados da organização, nas regiões das Américas e da Europa/Ásia Central verificou-se o maior aumento de acidentes de trabalho devido ao stress térmico desde 2000, com aumentos de 33,3% e 16,4%, respetivamente.
“Isto pode dever-se a temperaturas mais elevadas nas regiões onde os trabalhadores não estão habituados ao calor”, alertou a OIT, ao considerar o stress térmico um “assassino invisível e silencioso que pode rapidamente causar doenças, insolação ou mesmo a morte”.
Em abril, a OIT avisou que as alterações climáticas criaram um `cocktail´ de graves riscos para a saúde de cerca de 2,4 mil milhões de trabalhadores expostos ao calor excessivo em todo o mundo, causando 22,85 milhões de acidentes de trabalho e a perda de 18.970 vidas todos os anos.
“Precisamos de planos de ação contra o calor durante todo o ano e de legislação para proteger os trabalhadores”, defendeu Manal Azzi, líder da equipa da OIT para a segurança e saúde no trabalho, em comunicado de imprensa.
De acordo com o estudo, melhorar as medidas de segurança e saúde para prevenir lesões causadas pelo calor excessivo no local de trabalho poderia poupar até 361 mil milhões de dólares (333 mil milhões de euros) em todo o mundo em perda de rendimentos e custos de tratamentos médicos.
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