Em Bamako, as assembleias de voto abriram às 08:00 (locais e em Lisboa), segundo reportou um jornalista da agência AFP.

“Já votei. É importante apesar da situação económica. Precisamos de novos deputados para consolidar a nossa democracia”, disse Moussa Diakité, uma estudante de 23 anos.

Outra estudante, Hamchétou Touré, contou que votou na capital com “uma máscara e respeitando as medidas de barreira” contra a covid-19, doença que já provocou a morte de 13 pessoas e infetou 216 no país.

‘Kits’ de saúde foram colocados em “96,2% dos centros e mesas de voto” visitados em todo o país pela Synergy, a plataforma das organizações que enviaram observadores durante as eleições.

O Presidente do Mali, Ibrahim Boubacar Keïta, prometeu que “todas as medidas necessárias em matéria de saúde e segurança serão rigorosamente aplicadas” no domingo.

A votação, prevista até às 18:00 horas (locais e em Lisboa), decorreu também nas províncias, nomeadamente em Ségou e Mopti (centro) e Gao (norte), segundo testemunhas contactadas pela agência AFP de Bamako. Os primeiros resultados provisórios são esperados no início da próxima semana.

“Numa democracia, nada ultrapassa a plena legalidade constitucional e o jogo normal das instituições”, disse recentemente o Presidente Keïta numa mensagem à nação, em que apareceu com uma máscara protetora sobre o seu rosto.

A maioria da classe política apoia a continuação destas eleições, que foram adiadas várias vezes.

A aposta é alta: renovar um Parlamento eleito em 2013 e cujo mandato deveria terminar em 2018, e fazer progressos na aplicação do acordo de paz de Argel.

Este acordo, assinado em 2015 entre os grupos armados pró-independência e Bamako, prevê uma maior descentralização através de uma reforma constitucional que deve passar pela Assembleia. No entanto, a legitimidade do parlamento cessante é contestada.

Os malianos continuam a questionar a capacidade dos seus líderes para fazer sair o país da guerra e da pobreza.

Inicialmente concentrada no Norte, nas mãos das rebeliões independentistas, a crise de segurança degenerou com a chegada de grupos ‘jihadistas’ ao país a partir de 2012.

A violência ocorre diariamente no centro e norte do Mali e nos países vizinhos do Burkina Faso e do Níger.

Ataques a soldados e civis alternam com explosões de minas artesanais, com milhares de mortos e centenas de milhares de deslocados.

“No centro e no norte, será que as pessoas poderão votar livremente? No centro, os grupos terroristas estão a ameaçar as pessoas” para as dissuadir de votar, diz Ibrahima Sangho, chefe da missão da Sinergia.

A primeira volta das eleições, a 29 de março, foi marcada por raptos de presidentes de gabinete e pelo roubo e destruição das urnas de voto.

Nas zonas rurais de Timbuktu, os ‘jihadistas’ realizaram numerosas rusgas de intimidação a condutores de motociclos. “Não votem ou terão de lidar connosco”, disseram aos residentes, segundo um relatório interno da ONU consultado pela AFP.