Em resposta a perguntas dos jornalistas, no antigo picadeiro real, junto ao Palácio de Belém, em Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa voltou a apelar a um entendimento entre Governo e sindicatos dos professores e manifestou-se preocupado com as consequências deste período prolongado de greves para famílias e alunos.
Interrogado sobre até quando é o que sistema de educação aguenta esta situação, o chefe de Estado respondeu: "Não é um problema de o sistema de educação aguentar, é o problema de ser um ano letivo substancialmente perdido ou não".
"E é essa é a avaliação que todos têm de fazer, até por isto: há um momento em que a simpatia que de facto há na opinião pública em relação à causa dos professores pode virar-se contra eles", considerou.
Segundo o Presidente da República, "como tudo na vida, também nestes processos, que são processos sociais, mas também políticos, há uma avaliação política que Governo de um lado e professores do outro e sindicatos do outro têm de ir fazendo".
Marcelo Rebelo de Sousa chamou a atenção para as "desigualdades que se acumularam ao longo do tempo" e "posições diferentes" entre professores mais antigos e menos antigos e disse que aguarda para ver "se o caminho é, por via da negociação, chegar-se a uma lei do Governo".
"Não sei se, atendendo às desigualdades que existem entre as situações dos professores, para ultrapassar essas desigualdades, pelo menos para não as agravar, se no futuro, aqui ou ali, não terá de se rever aquilo que foram soluções adotadas ao longo de muitos governos", acrescentou, sem entrar em detalhes.
Sobre os serviços mínimos impostos a partir de hoje, declarou: "É uma experiência nova, diferente e, portanto, vale a pena ver. Aparentemente os sindicatos, nomeadamente o sindicato mais envolvido na atividade que acabou por determinar o recurso a serviços mínimos, tomou uma posição compreensiva aceitando a deliberação. Vamos ver o que se vai passar".
A sua expectativa é "que se caminhe no sentido de um entendimento, de uma convergência" e que o ano letivo não prossiga com "um número apreciável de escolas a não funcionarem de modo contínuo".
O chefe de Estado salientou que os alunos já tiveram "dois anos largamente afetados por causa da pandemia" e que "um terceiro ano é de facto uma paragem muito grande na vida escolar desses alunos".
"Para as famílias, é uma confusão. Os exemplos que eu conheço de famílias que esperam que haja greve a um tempo escolar, depois é outro tempo escolar, depois há intervalos, depois não há intervalos, depois não sabem como preparar a sua vida. Depois há os alunos de ensino especial, que exigem uma atenção também especial", apontou.
Perante esta "perturbação na vida daqueles que são o centro do sistema educativo", Presidente da República insistiu para que "se caminhe para uma solução", e depressa: "Se não qualquer dia estamos a meio do ano letivo e a solução ainda não aconteceu".
Relativamente ao seu papel neste processo, afirmou que "o papel do Presidente da República é o magistério de influência, ir acompanhando, acompanhando, acompanhando".
"É preciso paciência nestes processos e, portanto, tudo o que possa ser feito, de um lado e de outro, para que se chegue não digo a uma conclusão ótima, porque não há, ou muito boa, mas razoavelmente boa, vale a pena fazer", reforçou.
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