Marcelo Rebelo de Sousa, que fazia no Porto a abertura da conferência “Europa, para onde vamos?” organizada pelo Jornal de Notícias, enumerou vários desafios que, do seu ponto de vista, a Europa tem de enfrentar, apontando “a negociação com um membro, que o é ainda, mas que decidiu deixar de ser” como um desses desafios.
Referindo-se ao Reino Unido, que em junho do ano passado, depois de um referendo, decidiu abandonar a UE, Marcelo Rebelo de Sousa disse nunca ter escondido o respeito que lhe mereceu a decisão britânica, mas também o desgosto que teve “pessoal e institucionalmente com tal decisão”.
“Nós portugueses estamos habituados a conversar com britânicos há muitos séculos, [são os] nossos mais antigos aliados com relacionamento amigo, intenso e muitas vezes fraternal muito profundo. É importante manter esse relacionamento, mas não à custa da unidade da União Europeia”, disse Marcelo Rebelo de Sousa.
O Presidente da República alertou para a “tentação” de “cada um dos Estados membros começar por si a estabelecer relacionamento bilaterais, tentando resolver o seu problema nas relações com o Reino Unido”, considerando que tal será “um erro”.
“A menos que não queiramos a União Europeia. Se queremos a União Europeia tem de haver posições comuns. Não quer dizer que cada qual depois não tenha traços específicos – temos e não os vamos esquecer – mas a comunidade de posição é fundamental”, frisou.
“Como é fundamental que, no fim de todas essas conversas, seja possível manter o melhor relacionamento possível com o Reino Unido. Mas, sendo claros no que defendemos e sabendo também que compete à UE e à sua diplomacia defender os interesses próprios. Não compete ao Reino Unido, que naturalmente defenderá os seus interesses”, acrescentou.
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