A reunião com Lula da Silva, que no domingo foi empossado como 39.º Presidente do Brasil, está marcada para as 12:00 locais (15:00 em Lisboa).

Marcelo Rebelo de Sousa já anunciou que Lula da Silva irá a Portugal em visita de Estado e para uma cimeira luso-brasileira entre 22 e 25 de abril, ressalvando que as relações luso-brasileiras com o Presidente do Brasil "estão a começar muito bem".

O Presidente português acrescentou que nessa ocasião deverá também ser feita "finalmente a entrega" do Prémio Camões que está "há muito tempo para ser entregue a três premiados ao longo dos últimos anos", um dos quais ao cantor brasileiro Chico Buarque.

Recorde-se que o chefe de Estado português recebeu Lula da Silva enquanto Presidente eleito no Palácio de Belém, em Lisboa, em 18 de novembro.

Marcelo Rebelo de Sousa realçou ontem, dia da tomada de posse de Lula, a importância dada a Portugal pela administração brasileira na cerimónia.

"Hoje no Congresso dos deputados o primeiro país a ser colocado: Portugal. A cumprimentar o Presidente empossado: Portugal", referiu.

Interrogado sobre a que se deve, no seu entender, esse destaque dado a Portugal, o chefe de Estado respondeu: "Eu acho que se deve a duas razões, uma formal, outra substancial. Formal: Portugal foi o primeiro país a felicitar Lula da Silva aquando da vitória".

"Substancial: eu penso que há compreensão da importância de Portugal em vários dos domínios de que falou. Por exemplo, na União Europeia, é uma prioridade obviamente o tentar avançar com o dossiê União Europeia/Mercosul – Portugal é importante nisso", acrescentou.

Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, "Portugal é importante pelo simples facto de haver um português secretário-geral das Nações Unidas", e também "pela Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP)".

"Portugal é importante porque, ao longo do tempo, Lula foi conhecendo muito bem Portugal, conhece Portugal, e conheceu em fases diferentes da sua vida, e quem passou por fases diferentes, no poder e na oposição, sabe de uma constância fundamental da posição portuguesa no mundo", sustentou.

"Por isso, tem lógica isso", considerou.

"Como tem lógica a posição que dá a outros países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP)", prosseguiu.

O chefe de Estado português assinalou que "nos cinco primeiros países a cumprimentar o Presidente Lula" houve "três da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) – além de Portugal, em primeiro lugar, Timor-Leste em terceiro, Cabo Verde em quarto".

Ontem, dia de tomada de posse se Lula da Silva, o chefe de Estado português considerou que o recém-empossado Presidente do Brasil deu sinais de uma "visão multilateral" e "protagonismo internacional" que contrastam com a administração de Jair Bolsonaro.

Em declarações aos jornalistas, Marcelo Rebelo de Sousa comentou os dois discursos de Lula da Silva, nos quais viu "sinais de novidade".

No seu entender, em termos de política externa, a mensagem de Lula "tem muito de novo, porque é uma visão multilateral do Brasil, é uma visão de intervenção no mundo, é uma visão não defensiva, mas ofensiva no bom sentido do termo, de protagonismo internacional".

"Tudo analisado, são sinais, para quem vê de fora e tem a experiência de duas posses em dois mandatos diferentes, tem o significado de uma visão muito diversa, se quiserem muito contrastante [com a administração anterior]", considerou Marcelo Rebelo de Sousa.

Segundo o Presidente português, Lula "dá muito relevo ao regresso do Brasil ao mundo".

"Nessa medida, o que o Presidente Steinmeier alemão diz é aquilo que qualquer dos chefes de Estado ali presentes poderia dizer – confirmando, aliás, as expectativas que havia em relação ao Presidente Lula", sustentou.

Marcelo Rebelo de Sousa referia-se à afirmação do Presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, de que com a posse de Lula se abriu uma "nova era política" no Brasil.

O Presidente português realçou que Lula da Silva falou no "regresso a organizações latino-americanas" e em "aposta em matéria ambiental" e que destacou "os Estados Unidos da América e China".

"Não seria de estranhar que Argentina, Estados Unidos e China sejam possíveis destinos privilegiados na intervenção diplomática do Presidente Lula nesta fase intensa de vida internacional", disse.

Luiz Inácio Lula da Silva toma ontem posse como o 39.º Presidente do Brasil, sucedendo a Jair Bolsonaro, numa cerimónia na capital do país, Brasília, depois de ter deixado o cargo há 12 anos.

O Presidente brasileiro, de 77 anos e natural de Pernambuco de Garanhuns, nordeste do país, venceu a segunda volta das eleições presidenciais contra Jair Bolsonaro por uma pequena margem de 50,90% contra 49,10% e terá como principal missão unir um país altamente polarizado.

Lula da Silva é o primeiro chefe de Estado a ter três mandatos na história recente do Brasil. Candidato seis vezes à presidência da República do Brasil, foi o primeiro líder operário a chegar ao posto mais importante do comando político do país, tendo governado o país de 2003 a 2011.