Depois da apresentação do trajeto entre Évora e Trancoso (Guarda) do Caminho de Santiago, integrado na Via Portugal Nascente, e de o grupo de peregrinos ter recebido a bênção pelo arcebispo de Évora, José Alves, Marcelo Rebelo de Sousa não resistiu a integrar os primeiros dois ou três quilómetros do percurso, até à saída da cidade.

“Hoje sinto-me duplamente peregrino porque estou aqui numa peregrinação a Santiago [de Compostela], que é uma forma de, em conjunto, descobrir Portugal, revelar Portugal, afirmar Portugal e refazer caminhos do passado, mas que podem ter futuro”, comentou o Chefe de Estado aos jornalistas, durante o trajeto.

Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, que falava enquanto caminhava, em passo apressado, juntamente com dezenas de pessoas, qualquer um é peregrino e o Presidente da República “não é exceção”.

“Desde que começa o mandato, sabe como ele começa, não sabe o que o espera, não sabe como acaba e, como todos nós na vida, tem nessa peregrinação muito de inesperado. O que se pode prever é pouco comparado com aquilo que se acaba por encontrar”, disse.

Já antes, na cerimónia de apresentação, o Chefe de Estado tinha evocado os seus tempos de juventude. Marcelo lembrou que, “mais jovem”, percorreu uma parte do Caminho, a “mais fácil, porque mais próxima, que separava o Minho da Galiza”.

A Via Portugal Nascente é um dos Caminhos de Santiago e, na sua totalidade, vai ligar Tavira, no Algarve, a Trancoso, onde se junta ao Caminho de Torres, que vem de Salamanca em direção a Compostela.

A identificação e sinalização deste traçado foram realizadas pela Associação de Peregrinos Via Lusitana, com o apoio do Turismo de Portugal, ao abrigo do Programa Valorizar, dos municípios abrangidos, da Direção Regional de Cultura do Alentejo e da Arquidiocese de Évora.

Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, tratam-se de caminhos “que recuperam a história, o passado, a tradição, a cultura” e que, no caso do trajeto hoje apresentado e da Via Portugal Nascente, permitem “o conhecimento do Portugal interior, de um daqueles ‘portugais’ de que se fala menos”.

E trata-se, acrescentou, de “um caminho que põe em ligação o cristianismo” com “o mundo islâmico”, uma vez que o trajeto, antes de chegar a Évora, passa por Mértola, e com “a cultura judaica”, visto que, até Trancoso, também passar por Belmonte (Castelo Branco).

“Isto é Portugal no que tem de melhor, de ponte entre religiões, culturas, civilizações. Algumas vezes na vida não estivemos à altura desse desafio”, mas “muitas vezes estivemos”, disse aos jornalistas.

Na cerimónia, o ministro da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes, considerou que a Via Portugal Nascente do Caminho de Santiago é “um contributo para a cultura e para o turismo”, contribuindo ainda para “uma grande valorização do interior”.

Já o presidente da Câmara de Évora, Carlos Pinto de Sá, disse que, sendo a cidade classificada como Património da Humanidade, é de “grande importância valorizar este património como fator de identidade e de desenvolvimento”.

Os peregrinos que hoje partiram de Évora transportam um bordão, uma réplica do bordão da Rainha Santa Isabel, que vai seguir, de município em município, nas mãos de outros peregrinos, até chegar a Trancoso, no dia 20 de maio.

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