O debate era sobre o futuro do jornalismo, e decorreu, hoje à tarde, nos jardins do Palácio de Belém, em Lisboa, numa conversa entre jornalistas, Clara Ferreira Alves, Isabel Lucas e Paulo Moura, moderada por outro jornalista, Carlos Vaz Marques.
Sentado na quinta fila, entre a assistência, Marcelo Rebelou de Sousa pediu a palavra para fazer uma intervenção em que alertou para os muitos riscos que o jornalismo atravessa, seja por culpa das novas tecnologias, da crise económica ou das transferências para estrangeiros de empresas portuguesas.
Assistiu-se, enumerou, à “multiplicação” e “à morte das rádios locais”, as que não se associaram “em cadeias”, à crise da imprensa não diária, à da imprensa diária e, mais recente, à das televisões.
A última crise económica, admitiu, “teve efeitos devastadores”, o negócio no ‘on-line’ nem a TV por cabo, por exemplo, compensou as perdas nos media tradicionais.
Marcelo Revelo de Sousa apontou uma dificuldade para Portugal, que não dispõe de muitas fundações, ou mecenas, que apoiem o jornalismo.
E recordou a precarização, os baixos ordenados e perda de condições e meios dos jornalistas e das redações ao longo dos últimos anos.
Chegados aqui, disse o Presidente, “a situação é crítica”, em que se chega a admitir, como aconteceu durante o debate, com Clara Ferreira Alves e Paulo Moura, que o Estado tenha um papel de apoio à comunicação social em crise.
Pode chegar-se a “situações que não são boas para a democracia”, face à “degradação ou esvaziamento do papel do jornalismo”, alertou.
Em primeiro lugar, devem ser os jornalistas a tentar dar respostas ao problema, mas depois “há uma responsabilidade pública, do poder político, em si mesmo”.
Uma responsabilidade que, acrescentou, pode ser feita “com todas as precauções”.
“Porque quando o poder político é chamado a intervir não resiste a intervir com uma mão pesada. E a pretexto de salvar a liberdade, pode não o fazer”, afirmou, entre sorrisos, embora tenha dado o bom exemplo da RTP, em que o Estado está presente “respeitando o pluralismo e a liberdade de informação”.
Em todo este processo de crise, a transferência para mãos estrangeiras de empresas portuguesas, sejam ou não de comunicação social, também tem as suas implicações.
Implicações que, exemplificou, chegam à comunicação social “pela via publicitária ou pela via da influência nos operadores ou por influência da disputa da propriedade da comunicação social”.
O problema é mais vasto, deve implicar o empenhamento dos jornalistas e da sociedade em geral e Marcelo Rebelo de Sousa expressa algum pessimismo.
“Temo que, a não generalizar-se o debate e a não ser levado a sério pelos jornalistas e pela sociedade como um todo, se chegue muito tarde”, disse, e terminou a sua intervenção com a frase "era só isto que eu queria dizer".
[Notícia atualizada às 20:37]
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