Discursando perante cerca de duas centenas de emigrantes em Zurique, no último evento das comemorações do 10 de Junho realizadas entre terça-feira e hoje na Suíça, Marcelo observou que este ano houve “algo de novo” nas celebrações junto das comunidades, normalmente alargadas, pois, em conjunto com o primeiro-ministro, Luís Montenegro, manteve encontros “mais restritos”, para poder ouvir de representantes da comunidade os problemas desta.

“Hoje quisemos ouvir o que é que duas dezenas de luso-suíços, conselheiros das comunidades, conselheiros da diáspora, dirigentes associativos, responsáveis ou protagonistas podiam dizer, vindo de diversos cantões, acerca dos problemas da comunidade portuguesa na Suíça”, apontou, sublinhando que estes representantes “falaram em nome de 260 mil”, o número oficial de portugueses com cartão de cidadão radicados na Suíça.

“Falaram em vosso nome e disseram tudo o que preocupam aqueles que cá estão há 50, 60 anos, que se vão reformar e querem regressar a Portugal, falaram em nome daqueles da geração seguinte, que têm problemas no dia a dia, no associativismo, nos acidentes de trabalho, na relação com a economia, com a sociedade, nos problemas de impostos, do tratamento fiscal de um país e do outro”, disse, sintetizando que foram abordadas “inúmeras questões”.

O Presidente da República considerou a reunião – realizada à porta fechada imediatamente antes do evento de encerramento – muito útil, garantindo que há agora uma maior noção sobre as dificuldades que a comunidade enfrenta e de que há noção de que é preciso fazer mais para lhes dar respostas.

“Nós saímos daqui a saber mais sobre a comunidade portuguesa na Suíça. Saímos daqui a conhecer melhor os vossos problemas. Saímos daqui preocupados com a resposta que é preciso dar-vos, e, desde logo, com um compromisso: é que encontros como aquele que tivemos hoje, mais restritos para ouvir problemas, têm de ser constantes”, disse então, ainda que reconhecendo o esforço feito pela embaixada.

“Mas prometemos mais: prometemos ainda mais presença e mais atenção, por uma razão muito simples: porque é essa a nossa maneira de ser e é esse o compromisso que assumimos com este primeiro encontro”, disse.

No final do evento, em declarações à imprensa antes do regresso a Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa adiantou que há plena sintonia com o primeiro-ministro, revelando que Montenegro, “na conversa com os conselheiros, quer da comunidade, quer da diáspora, respondeu, uma a uma, às várias questões, e são muitas”.

Segundo o Presidente, que tinha Luís Montenegro a seu lado, este “afirmou que o Governo está muito virado para considerar algumas dessas questões” e “explicou o que, nos vários domínios, o Governo tenciona aplicar, qual a linha de orientação, qual o programa, e qual o ritmo que quer imprimir”.

“Portanto, aí estamos os dois de acordo: que há imenso a fazer, que há muitas questões que são novas e que vão aparecendo todos os dias […] Foi bom podermos ouvir o que eles pensam, e isso é novo no Dia de Portugal: poder sair daqui com mais ideias e o Governo com determinadas orientações, que têm a ver com o seu Programa de Governo, para responder a essas necessidades”, completou.

Durante o primeiro dia na Suíça, Marcelo e Montenegro foram confrontados, em dois momentos distintos, com queixas de emigrantes, primeiro de um grupo de professores de português que se dizem vítimas da falta de atualizações dos salários num país onde dizem ser particularmente castigados pela desvalorização cambial, e, um pouco mais tarde, de um pequeno grupo em representação dos funcionários consulares «extra tabela» que exigem uma solução célere para a sua situação.

O encontro de hoje com a comunidade em Zurique foi também atípico face a anteriores comemorações junto das comunidades nos últimos anos, habitualmente bastante alargadas e muito festivas, terminando num auditório, que não estava esgotado, com um concerto de música clássica por jovens músicos portugueses, sem que tenha havido qualquer festa mais popular com os emigrantes durante os dois dias na Suíça.