Para a primeira participação presencial nesta iniciativa de formação política desde que foi eleito Presidente da República, o antigo líder do PSD balizou a sua intervenção no jantar-conferência de hoje à noite, assegurando que “o único tema que tratará será a Ucrânia”.

Marcelo Rebelo de Sousa participou nas edições de 2005, 2006, 2007, 2009, 2010, 2012, 2013 e 2014 (a que se soma a participação de 2022, por vídeo) e foram muitos os temas de que falou aos jovens alunos.

Na sua estreia, que aconteceu na terceira edição, admitiu que poderia ponderar uma candidatura à Presidência da República, mas apenas caso Cavaco Silva não entrasse na corrida a Belém de janeiro de 2006, o que viria a acontecer.

Na participação de 2006, elogiou o então presidente do PSD, Luís Marques Mendes, pelo "enorme mérito" da sua oposição ao Governo e demarcando-se da estratégia de outros partidos, como a Nova Democracia, criado pelo ex-líder do CDS-PP Manuel Monteiro.

"Não faz sentido que outros, que não têm expressão nenhuma no espaço que se situa na oposição à direita do PSD, queiram, sem representatividade, forçar o PSD a embarcar num debate, quando querem e como querem", disse o então comentador político, numa referência à proposta de Monteiro para uma plataforma política à direta.

Em 2007, numa aula sobre os "Dez Mandamentos da Democracia", Marcelo Rebelo de Sousa acusou o então primeiro-ministro socialista José Sócrates de ter dado "alguns pontapés" em vários – pluralismo da comunicação social, direitos económicos e sociais e até, de forma subtil, a independência dos tribunais -, e assumir “tiques autoritários ou de arrogância".

Dois anos depois, Marcelo voltaria a Castelo de Vide em vésperas das legislativas de 2009, mas não se quis pronunciar sobre as polémicas que rodearam as listas do PSD (com Pedro Passos Coelho a ficar de fora), e a preferir elogiar o programa “inteligente e eficaz” da então líder Manuela Ferreira Leite, que viria a perder para Sócrates (embora sem maioria absoluta).

Em 2010, já com Pedro Passos Coelho como líder do PSD, o comentador Marcelo vaticinava que este presidente "muito cerebral e muito frio" conseguiria resistir ao “frenesim dos laranjinhas” e chegar ao Governo – o que se confirmaria no verão do ano seguinte -, sublinhando que mais vale demorar mais tempo, mas não haver "precipitações".

Dois anos depois, com Portugal sob ajuda externa e o PSD a liderar um Governo de coligação com o CDS-PP, o professor Marcelo defendia imaginação para lidar com as avaliações da ‘troika’ e que o Governo não deveria pedir mais tempo nem dinheiro aos técnicos internacionais (e não o fez).

Em 2013, continuava a ser a assistência financeira a dominar as preocupações do país, e o comentador televisivo voltou a defender um “campo de manobra” para lidar com os sucessivos chumbos do Tribunal Constitucional a medidas do Governo.

Um ano depois, já com a ‘saída limpa’ do programa cautelar, Marcelo voltava atenções para as legislativas do ano seguinte e admitia o prolongamento da coligação PSD/CDS-PP, que se viria a confirmar.

Nessa ocasião, remeteu para o verão do ano seguinte a discussão sobre os nomes de candidatos presidenciais - "não vale a pena estar a estragar nomes, a atirá-los para a fogueira" –, numa eleição para a qual viria a anunciar que estava na corrida a Belém em outubro de 2015 e a vencer à primeira volta em janeiro de 2016.

Ainda na participação na UV de 2014, e a um mês das primárias no PS, reconhecia que António Costa seria um adversário mais "complicado" para o PSD do que o ainda líder António José Seguro.

"O António José Seguro tem contra ele o desgaste dos três anos da função, o que é uma injustiça (…) Agora de repente aparece o outro fresquinho", gracejou, dizendo que Costa esteve "à espera, da janela do município" e nos últimos 100 metros da maratona é que se vai "equipar".

Já como chefe de Estado, só em 2018 voltaria a responder, por escrito, a perguntas dos alunos da UV, reconhecendo então que “é cada vez mais difícil” ser Governo, oposição e até Presidente da República, e considerando que o primeiro executivo de António Costa, apoiado numa ‘geringonça’ à esquerda, representou o nascimento de “uma nova prática constitucional”.

Quatro anos depois, à distância mas em direto, Marcelo Rebelo de Sousa voltaria a participar na UV, respondendo a 15 perguntas dos alunos sobre temas de atualidade como a TAP ou a então recente demissão da ministra da Saúde Marta Temido.