Marcelo Rebelo de Sousa, que passou pelo Expresso e fundou o Semanário, recordou que não será a sua estreia em funções editoriais. "Mas desta vez é um bocadinho diferente: um Presidente a dirigir um jornal é muito original. Até faz verso", observou.
O chefe de Estado recebeu hoje em Belém dirigentes da associação CAIS e dois dos vendedores mais experientes da revista com o mesmo nome, Carlos Andrade e António Pia, que tinha previsto acompanhar hoje à tarde nas ruas em redor do palácio.
Contudo, devido ao atraso e à intensidade da sua agenda, e ao tempo de chuva, adiou essa iniciativa: "Pode ser, por exemplo, no dia do aniversário da posse, dia 9 de março", sugeriu Marcelo Rebelo de Sousa, considerando que ajudar a CAIS será "uma forma de celebrar" essa data.
"Eu sou desde sempre um comprador da CAIS, um comprador compulsivo, porque é uma grande causa, uma causa de inclusão social", referiu, acrescentando: "Não há razão para eu como Presidente da República não continuar a dar o apoio, e até o reforçar".
"Aliás, já escrevi para a CAIS, já colaborei com a CAIS há uns anos, pediram-me um testemunho e escrevi", lembrou.
A revista CAIS foi criada em 1994, pela associação com o mesmo nome, com a missão de contribuir para a melhoria das condições de vida e para a integração das pessoas sem-abrigo e social e economicamente vulneráveis, através da sua capacitação e empregabilidade.
De periodicidade mensal, a revista custa 2 euros e é distribuída por instituições de solidariedade social que selecionam, entre os seus utentes, os vendedores, para os quais revertem 70% das receitas de venda.
O encontro de hoje com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, na varanda do Palácio de Belém, serviu para assinalar a mudança de imagem dos coletes que identificam os vendedores autorizados da revista, que passaram de vermelhos a amarelos.
Durante a conversa com os vendedores Carlos Andrade e António Pia, o chefe de Estado comprou cinco revistas, recebeu um colete amarelo e foi convidado para ser o diretor por um mês da CAIS, o que aceitou prontamente, combinando dirigir a edição de maio, que será preparada em abril.
"Mas que tema é que há de ser?", perguntou.
Como a edição de fevereiro, dirigida pelo ator João Baião, tem como tema a terceira idade, António Pia propôs-lhe que escolhesse o rejuvenescimento e o Presidente da República concordou com a ideia: "Você é um génio. Muito bem, juventude".
Marcelo Rebelo de Sousa quis saber "quem é que já foi diretor" convidado da CAIS, e ficou a saber que o político alemão Martin Schulz, o antigo ministro Bagão Félix e o grupo D.A.M.A já dirigiram edições mensais da revista, e que em abril a diretora será a cantora Mariza.
O Presidente da República tem tido várias iniciativas de apoio e de sensibilização para a situação das pessoas sem-abrigo.
Em dezembro, esteve duas vezes na festa de Natal da Comunidade Vida e Paz, e numa dessas ocasiões um casal de antigos sem-abrigo fez-lhe um convite para almoçar na sua casa, que se concretizou em fevereiro.
Em janeiro, deslocou-se ao Pavilhão Municipal do Casal Vistoso, onde estavam acolhidas pessoas sem-abrigo, numa noite de frio. Em fevereiro, recebeu da Comunidade Vida e Paz uma petição pela criação de uma estratégia nacional para uma intervenção integrada junto da população sem-abrigo.
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