A obra do escultor Edgar Duvivier, um monumento em tamanho real, foi instalado na praça Mário Lago, popularmente conhecida como Buraco do Lume, no centro do Rio de Janeiro, onde Marielle costumava organizar reuniões e atos públicos para prestar contas sobre o seu trabalho na Câmara Municipal da cidade.

"Numa sociedade que é extremamente racista, temos a estátua de Marielle Franco para nos lembrar do mundo que queremos construir", disse Mônica Benício, viúva de Marielle.

Negra, lésbica e nascida na favela, Marielle foi assassinada a tiros juntamente com o seu motorista, Anderson Gomes, no dia 14 de março de 2018, aos 38 anos. O crime causou comoção no país e gerou indignação internacional.

Militante do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), Marielle era uma firme defensora dos direitos dos jovens negros, das mulheres, da comunidade LGBTQIA+ e era bastante crítica da violência policial nas comunidades mais carenciadas do Rio de Janeiro.

créditos: EPA/Andre Coelho

Quase um ano depois da sua morte, em março de 2019, as autoridades prenderam dois ex-polícias, Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, acusados, respectivamente, de efetuar os disparos e de conduzir o carro que perseguiu a vereadora depois de esta sair de uma reunião de trabalho.

Os dois homens, todavia, negam a participação no crime e permanecem detidos, à espera de julgamento. Contudo, até agora, a polícia não determinou quem foi o mandante do crime ou a sua motivação.

O monumento, que representa Marielle a sorrir e com o punho esquerdo levantado, foi financiado através de uma arrecadação de fundos, organizada pelo Instituto Marielle Franco, uma ONG dedicada a difundir o seu legado.

créditos: EPA/Andre Coelho

"Essa estátua hoje, a quantidade de mulheres que se espelham hoje em Marielle Franco, é a prova de que ela não foi interrompida [com o assassinato]", disse à AFP a professora Rose Cipriano, que esteve com Marielle no seu último compromisso público antes do crime, um debate de mulheres no centro do Rio de Janeiro.

Marielle Franco foi a quinta vereadora mais votada do Rio de Janeiro nas eleições municipais de 2016, com mais de 46.000 votos, e tornou-se uma inspiração para diversas candidaturas de mulheres negras nos níveis municipal, estadual e federal.