O curso é dirigido pelo Departamento de Formação em Comportamento Organizacional (DFCO) da Escola de Fuzileiros da Marinha e teve início em outubro de 1993, altura em que apenas se dirigia a militares.

Hoje, a formação é aberta também a entidades civis, públicas e privadas, bem como a estabelecimentos de Ensino Superior, através da celebração de protocolos, como por exemplo o grupo Jerónimo Martins e o ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa.

Entre os seus “alunos”, a Marinha teve recentemente 90 treinadores e formadores do futebol do Sport Lisboa e Benfica.

A procura é significativa, admitiu o capitão-tenente Fragoso.

“São trabalhadas competências como a comunicação, a gestão de conflitos, a negociação, a tomada de decisão, reuniões, tudo temáticas no âmbito do comportamento organizacional que são desenvolvidas, a par tanto da liderança, como também do planeamento”, disse à Lusa o capitão-tenente Paulo Fragoso, chefe do departamento.

A formação tem uma componente teórica mas é sobretudo prática e, segundo o capitão-tenente, as entidades civis “gostam sempre mais de trabalhar sobre cenários de contexto mais militar”, que envolvem alguns exercícios físicos em pista de obstáculos, por exemplo.

“É a nossa perceção. (…) Nota-se que ficam agradados quando apresentamos esses contextos militares, onde eles têm que chefiar uma equipa de inativação de engenhos explosivos, por exemplo, onde eles são chefes de um grupo de operações especiais”, exemplificou.

No início dos anos noventa, a Marinha identificou a liderança como “uma necessidade estratégica de formação” após alguns acidentes marítimos ocorridos nessa época, bem como o surgimento das novas fragatas da classe ‘Vasco da Gama’ que impuseram “novos desafios no âmbito da liderança e coordenação de equipas”, tendo-se inspirado no modelo da Marinha inglesa.

Atualmente, a formação deste departamento de curta duração é composta por três cursos divididos em três níveis distintos e sequenciais, com duração variável, e que podem incluir “esforços físicos de média dificuldade” como corrida, trote, ou “transposição de obstáculos no plano horizontal e vertical”, segundo informação disponibilizada à Lusa pelo ramo.

O nível três, de ‘Team Building’, é composto por diferentes tarefas e provas de liderança e inclui “uma prova noturna em condições mais adversas” que visa “sedimentar os conhecimentos e as competências desenvolvidas nos estágios de nível 1 e 2, melhorar os procedimentos e metodologias de trabalho entre o líder e os membros da equipa, assim como o modo como a equipa pode fomentar a sua coesão, cultura e as suas relações interpessoais”.

“Digamos que a comunidade não militar começou a ‘beber’ também um pouco desta formação porque ela acaba depois por ser transversal e pode ser aplicada a qualquer setor, seja mais económico, financeiro, de retalho, de marketing ou comercial. Todas estas dinâmicas que desenvolvemos aqui são transferidas a todas as áreas laborais, e também da academia”, explicou o capitão-tenente Fragoso.

Segundo a Marinha, os cursos são pagos, com preços que variam consoante o tipo de formação e a sua duração, não tendo o ramo detalhado valores.