O funeral está marcado para o dia seguinte, na terça-feira.
O cortejo parte do Mosteiro dos Jerónimos, onde os restos mortais de Mário Soares, que morreu no sábado, aos 92 anos, estarão em câmara ardente a partir de segunda-feira, para o Cemitério dos Prazeres, também em Lisboa.
Mas o percurso passará também por São Bento, onde fica a Residência Oficial do primeiro-ministro, que ocupou por três vezes, a Assembleia da República e a Fundação Mário Soares, pela Câmara de Lisboa e o Mosteiro dos Jerónimos.
Cortejo e pontos de paragem associados à vida de Soares
Campo Grande
Segundo um comunicado do Governo, o cortejo fúnebre passa na segunda-feira pela residência de Mário Soares, no Campo Grande, em Lisboa, pelas 11:00, na Rua dr. João Soares, seu pai, que fundou o Colégio Moderno, a umas centenas de metros dali.
Desde sábado, que têm sido depositadas flores à porta de casa do fundador e ex-Presidente da República.
Marquês do Pombal
Depois do Campo Grande, o cortejo segue pela Avenida da República, Largo do Saldanha, Fontes Pereira de Melo e Marquês do Pombal, local onde, ao longo de mais de 40 anos de democracia, se juntaram muitas pessoas para apoiar ou contestar Soares.
O líder histórico e fundador do PS participou em muitos desfiles do 25 de Abril, que partiram do Marquês para o Rossio, mas também se juntou aos manifestantes contra a guerra no Iraque, em 2003.
E foi também do Marquês de Pombal, de onde se vê a antiga sede do DN, para o qual escreveu muitos artigos, que, ao longo da sua carreira, passaram muitas manifestações contra as políticas dos governos que chefiou.
Largo do Rato
O cortejo sobe então do Marquês para o Largo do Rato, onde está instalada a sede do PS, partido que ajudou a fundar, em 1973. Soares foi líder dos socialistas de 1973 a 1985, com alguns interregnos pelo meio, fruto das lutas internas dentro do partido.
Na entrada da sede do PS desde 1975, e que foi o Palácio dos Marqueses da Praia e Monforte, construído nos séculos XVIII e XIX, estão hoje gravados na pedra os nomes de Soares e dos restantes militantes que fundaram o então Partido Socialista Português, em Baden Munstereifel, na antiga RFA.
Mário Soares era, nos últimos anos, visita frequente da sede do PS, sendo um dos convidados para as cerimónias anuais do aniversário do PS, a 19 de abril.
São Bento
Do Rato, o funeral segue para São Bento, zona da cidade de Lisboa a que Soares está associado após o regresso do exílio a Portugal.
Na rua de São Bento fica a Residência Oficial do primeiro-ministro, que ocupou por três vezes, e a Assembleia da República, onde entrou pela primeira vez em 1975, na Assembleia Constituinte.
Soares foi primeiro-ministro de Portugal no I Governo Constitucional, em 1976 e 1977, e II Governo, em 1978. Chefiou também o IX Governo Constitucional, entre 1983 e 1985.
Descendo a rua de São Bento, fica a Assembleia da República, onde Soares subiu inúmeras vezes à tribuna, quer como deputado, ministro ou primeiro-ministro, de 1975 a 1986. Foi eleito pela primeira vez para a Assembleia Constituinte, em 1975, e deixou o Parlamento em 1985, antes de concorrer a Presidente da República.
Descendo as escadarias da Assembleia, está a Fundação Mário Soares, que criou depois de deixar a Presidência, em 1996.
A fundação cresceu à medida que foi recebendo arquivos de personalidades da democracia portugueses, que se juntaram aos “papéis” do próprio ex-Presidente. Mas foi também o centro de muita atividade política e muitos colóquios.
Mosteiro dos Jerónimos
De São Bento, o cortejo vai até à Câmara de Lisboa e é daí que o percurso se fará em armão (uma espécie de charrete) com escolta a cavalo da Guarda Nacional Republicana até ao Mosteiro dos Jerónimos, onde chegará pelas 13:00 de segunda-feira.
O corpo ficará depois em câmara ardente na Sala dos Azulejos do Claustro dos Mosteiro dos Jerónimos, até às 24:00, estando o local aberto a todos os cidadãos.
Foi nos claustros do Mosteiro dos Jerónimos que, a 12 de junho de 1985, o então primeiro-ministro Mário Soares assinou o tratado de adesão de Portugal à Comunidade Económica Europeia (CEE).
A partir das 13:00 de terça-feira irá realizar-se uma sessão solene evocativa de homenagem a Mário Soares no claustro do Mosteiro dos Jerónimos, no final da qual seguirá o cortejo fúnebre para o cemitério dos Prazeres.
Nessa cerimónia estão previstas breves intervenções do Presidente da República e do presidente da Assembleia da República, bem como, provavelmente, da família. Será também transmitida uma mensagem do primeiro-ministro, António Costa, que se encontra numa visita de Estado à Índia até quinta-feira.
Palácio de Belém
Não muito longe dos Jerónimos, está o Palácio de Belém, onde Mário Soares esteve durante 10 anos, de 1986 a 1996.
Durante a Presidência, conheceu dois primeiros-ministros, um do PSD, que até chegou a apoiar a sua recandidatura, Cavaco Silva, e outro do PS, o seu partido, António Guterres.
Ao longo de dez anos, ficaram famosas as suas visitas de Estado ao estrangeiro, mas também as Presidências Abertas, em que contactava com a população e com os problemas do país,
O cortejo passará pelo Palácio de Belém, construído originalmente no século XVI e foi residência do príncipe D. Carlos, no percurso para o Cemitério dos Prazeres.
O funeral terá lugar a partir das 15:30 no cemitério dos Prazeres, onde está também sepultada a mulher, Maria de Jesus Barroso.
De acordo com fonte governamental, será a primeira vez que há um funeral de Estado desde 25 de Abril - que implica, entre outras coisas, a participação dos vários ramos das Forças da Armada e um cortejo, motorizado e a cavalo, ao corpo.
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